Sexta-feira , 23 de Junho DE 2006

Turris Babel

"A Confusão das Línguas" por Gustave Doré (1865)

AGORA que me libertei do peso da gravidade, agora que me suspendo novamente pelos cordelinhos dos sonhos, arrisco subir razão e coração ao alto do desejo, ao cume dos projectos.

Já me despeço de príncipes, castelos e feitiços. Digo adeus a amores idílicos, a buscas da companhia perfeita e a grandes feitos cavaleirescos. Já não morro por um ideal? Não sei. Não sei se a mudança é tão extremista na condução da alma pelos campos da nova sementeira… Será a mudança a matar-me? Não, acho que vou deixar um rasto de pequenos seixos para poder voltar atrás, caso o decida.

Então, em que construo meus sonhos? Na razão, pura e dura? Como estás diferente, SER… Reconheces-te?

 

Ergo-me como uma torre de babel, num espreguiçar que deixa as nuvens pelos tornozelos. Voto minhas preces ao dEUS do concreto e do comum. Quero alcançá-lo, ter a sua experiência, conviver com ele e - se necessário - perecer às suas mãos, para renascer, qual Fénix do regresso ao SER que hoje abandono.

Adeus Roma e romantismo, parto para a Babilónia do pragmatismo… Vou construir a minha torre!

 

O alicerce cumpre-se e parece forte. Na argamassa do entendimento deposita-se a água da cumplicidade, o cimento da experiência, a areia fina do esclarecimento, numa mescla de sentimentos e realidades.

Cada degrau, cada patamar anuncia-se na progressão do querer. A cada pedra, uma almofada de amparo. É o edifício construído com materiais fortes mas também com carinho.

Aparelho as pedras com alguma insegurança. Não domino ainda a arte de pedreiro nesta nova realidade. Confio manter a estrutura com a intrepidez inicial. Creio manter unos todos os fragmentos que a compõem. E, principalmente, evitar a “confusão de línguas e dialectos” que a venham a minar.

 

Esta torre não anseia pelo paraíso, procura apenas uma vida acima do nevoeiro da rotina e do aparato comum do ideal social.

 

E isto não é o que todos nós ambicionamos?

XXIII VI MMVI

Andarilhus

 

“Let me come inside your ivory tower
let me come inside your hallowed walls
God, it's heaven in here
fix me with your hand of grace
fix me with your touch of precious thrill
your fingers dance across my skin
reaching out for the pride of man”

The Mission: “Love me to Dead”.

música: Tower of Strenght (The Mission: "Children")
publicado por ANDARILHUS às 08:26
Quarta-feira , 14 de Junho DE 2006

Caelus

No meu céu… uma só estrela, de noite e de dia.

 

Respiro. Respiro o ar empertigado da nova aurora. É quente, é doce, doce carícia no rosto ainda pálido do recém desperto. O SOL, resoluto, perdoa este decano foragido e abraça-o no seu calor paternal. O regresso do filho pródigo…

Activo os sentidos após longos anos de falta de manutenção sensorial. O Mundo regressa ao corpo e à mente. Estamos agora ligados e em emissão experimental. As memórias anteriores ao buraco negro aguardam para serem estimuladas e carregadas, com a sua sapiência, calçando-me para os ventos e demandas que início.

Não estou só! Pelo CéU da minha aventura sigo a companhia da minha boa ESTRELA. A Predilecta!

Aprecio o ondulado prateado do seu corpo celeste, passo vezes sem conta pelas suas pontas macias, sou tomado pela fragrância dos fios negros mas cintilantes dos seus cabelos de luz. Desenho na razão os seus movimentos e deambulações pelo firmamento. Quantas constelações perfaz, aqui e ali! Inebria-me a sua contemplação: No meu CéU de homem, uma só LUZ. Luz forte que me ilumina o gosto pelos dias e me conduz à inconformidade ateia de interrogação aos credos pretensiosos e dominadores do status quo. Corro por fora da Via Láctea…

Ainda mal acordado, procuro regatear ao destino anos-luz do meu futuro, ofereço-me para eterno companheiro do meu astro, faço quadros e projecções, mas alguma prudência é devida para evitar o avanço da desilusão e da angústia.

Observo, atento, a minha boa ESTRELA, na vontade de colher toda a sua essência cósmica, para que a possa entender. Rogo para que não me ofusque para, depois, me deixar em luz trémula… sou jovem na força, falta-me ainda o arcaboiço suficiente para matizar entre as baixas e altas marés da sua inconstância. Não permita ela, mesmo por instantes marginais, que o meu CéU se tinja de breu absoluto.

 

A vida é uma andança. Uma andança que pode ser um risco solitário ou em companhia. As caminhadas, tal como a vida, são uma andança com as mesmas propriedades. A eventualidade de chegarmos à fadiga, à dor, ao perigo de agruras físicas ou outras, são motivos suficientes para nos apartarem do risco, da aventura, da vontade?

XIV VI MMVI

Andarilhus “(º0º)”

música: Earth, Sun, Moon: Love And Rockets
publicado por ANDARILHUS às 17:59

BI

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