Sexta-feira , 26 de Junho DE 2009

Túnica de Águas Doces

http://jmscustodio.blogs.sapo.pt/arquivo/agua1.jpg

 

 

Cobria-te túnica

Cristalina, fresca

Pela fragrância

Da água transparente

Da ribeira,

Enxuta ao aroma da claridade

Diáfana e penetrante

Do crepúsculo calmo…

 

Assim te chegaste

Sobre o leito

Sobre mim.

Trazias a ânsia

Despida, evidente,

De afoita romeira

Penitente em sensualidade

Feminina,

Divina…

 

Emanavas sabor

De mel dos limos,

Mimos,

Espigados na eólica pradaria,

Florescida, madura

E dada a colher,

Entregue em braços

Para purificação

De meus infortúnios,

Por caridade

De minhas medonhas dores…

 

Impregnou-se a túnica

Em tua pele

Senti-te seda papel,

Acolhi o éden,

Sem pecado.

Encontrei-me alado

Aspergido

Pelo orvalho da alva,

Santificado

Pela freática alma,

Que a meu lado acordava…

 

Firme no alto

A estrela da aurora

Do renovo dos dias,

Cerrados os olhos

Desvendei a paisagem

À tua chegada,

Entraste, entrei,

Toquei-te, fui tocado

… No coração…

 

Andarilhus

XXV : VI : MMIX

 

música: The Mission: The light that pours from you
publicado por ANDARILHUS às 08:58
Sexta-feira , 19 de Junho DE 2009

Rendilhados de luz e sombra

http://img360.imageshack.us/img360/1797/monlogocirculario1.jpg

 Chego
Como a despedida
De faúlha trovão
Reluzente e estridente
Em busca do aconchego
Da tua terra aluvião
Despida
Para ver meu sossego,
Enfim,
Florescer, sorridente.

Fico
Residente
Viandante
Em sonhos
De bem partir
Pelo teu mundo
Tuas cidades e ruelas,
Locatário
Das tuas parcelas
No fundo
Do teu copo
Vivido até à derradeira gota
De sentir,
Inteiramente,
Paixão embriagante.

Furto
A tua condição de estrela,
Tiro teu nome carpido
Em fábula desventurada
E, como os rendilhados
De uma sombra quase Luz,
Levo-te ao segredo da capela
Para aí te adorar
Como mulher, de sangue e tecido,
Em pedestal humano
Aceito o fruto proibido
Porque creio
Na revolução maturada,
Única e Bela,
De tanto amar.

Cantante e feliz, digo:
Sigo
Signo
De amor significado
Santificando
Digno
Advir contigo.

Andarilhus
XIX: VI : MMIX

publicado por ANDARILHUS às 23:02
Terça-feira , 02 de Junho DE 2009

O novo génesis III: Os Salmos Apócrifos

https://1.bp.blogspot.com/_CdSFLfZ0SZM/R9-oM8RaNYI/AAAAAAAAAac/wNfLFq5t-hw/s400/salmos.jpg

 

Onde estás,

Desde que me enfeitiçaste,

Adormecido em sono de encanto?

Voltarás? Que trarás de novo?

Que guardarás dos fascínios longínquos

Exacerbados neste, agora, triste canto?

 

Se te enfadares de intrusas evasões,

Das tuas insondáveis viagens,

E cuidares abrir as asas do regresso

À terra que me prometeste,

Onde me deixaste, semeado,

Sabe que

Por ti ainda espero

Em, talvez, obstinado engano.

Mas

Prescinde-me da dor,

Não me procures no reflexo cego

Da montra das tuas vitualhas,

Não me tentes moldar

Como plasticina das tuas certezas,

Das tuas sombras, da tua verdade,

Da tua aspiração cósmica…

Sabe que

No processo de envelhecimento,

As cicatrizes da experiência,

As mordidas da sorte e a coloração do acaso,

Abrem as janelas temporais para os juízos da vida.

Será este mais um julgamento do percurso?

Será este o julgamento final?

 

Soturnas,

As nuvens do indomável Gilgamesh

Abocanham os poucos pedaços restantes do céu

Meu,

Seco, sem renovo, inspiro o pó do caos,

Abro a arca da aliança e acerco-me

Das palavras proibidas

Dos pensamentos encerrados, soterrados.

Sabe que

Será feita decisão da tua vontade

Neste deserto ou sobre as águas temperadas.

Será sempre a hegemonia do teu reino,

O Norte do teu caminho…

 

Glória a ti na tua insensível convicção

Aleluia à tua magnificência em luz

Que tudo ilumina, tudo ofusca

Onde estás, afinal? Voltarás?

Ou desisto de esperar?

Revela-te na tua essência genuína!

Assim, sigo no teu estandarte, onde arvoras o meu definhar,

Depois de me teres exposto à vida…

 

Andarilhus

II : VI : MMIX

 

música: Tristania: The modern end
publicado por ANDARILHUS às 00:23

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