Sexta-feira , 19 de Janeiro DE 2018

Galga Courelas em livro! 2ª Parte: Courelas de lavra e sementeira.

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A culpa sublime

 

Sim, mea culpa…

Moldar a realidade

Pelo feitiço da utopia,

Deixar a crueldade

Aveludar na fantasia

Como as dores da idade

Em panaceia de óleos e mimos

De profecia propícia.

 

Sim, já fiz de tudo

Para esconder

O que não quero ver;

Para inventar

O que não existe.

Fico mudo

E estático

De tanto gritar

De tanto correr,

Por campos fecundos

De maleitas que dão saúde

De desertos que são nascentes cristalinas

De aleijões que dão virtude

De insípidos pântanos que são salinas.

...De tanto libertar o paraíso na Terra…

 

Sim, mea culpa…

Acreditar na revolução

Do universal amor

Na elevada solução

Da verdade nua remendar

Com os tecidos da mágica

Ternura do labor

De novo mundo idealizar.

 

Sim, suspirei por empenho

Sempre esperançado

Por te encontrar

E não te perder.

Da vida,

Tracei florido desenho

E, como Quixote alucinado,

Arquitectei pórtico para entrar

No teu abraço, e nele colher

Os afectos com que me saudaste

Sobre a colina do meu contentamento.

 

Sim, mea culpa…

A cegueira, a sede, a precipitação.

A tolice da credulidade

De poder atar a felicidade

Com o cordel de balão

Que nos acompanha,

Esvoaçante sobre nossa aura.

A ingenuidade não é pecado;

O sonho não é delinquente:

São, afinal, obras solitárias

Que criam rugas, e olhares perdidos.

Estou cansado, estou velho,

De me enganar, de fugir.

 

Sim, entrego-me!

Ao juiz de toda a gente

Confesso o disparate

Desta minha culpa … sublime.

XXVIII : I : MMX

 

Disponível em https://www.artelogy.com/pt/store/jorge-pópulo-galga-courelas

E também em Ebook em https://www.artelogy.com/pt/store/galga-courelas-de-jorge-pópulo

Mais informações em https://www.facebook.com/artelogy/app/519984624691308/?app_data=%7B%22id_prod%22%3A%22412%22%7D

Ou

Através do populus@iol.pt.

Boas leituras!

publicado por ANDARILHUS às 07:47
Quarta-feira , 03 de Janeiro DE 2018

Galga Courelas em livro! 1ª Parte: Courelas daninhas e de pousio

 

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Remos de vida por mar inóspito

Em deriva segue o batel

De remos caídos

E velas quebrantadas…

Sente saudade do flúmen de pêssego e mel,

Dos alentos de terra e das margens aveludadas.

Embalado em tempos idos,

Mais se desgoverna nas ondas de ouriço,

Acossado por ciclones de vespas feras:

Vem bruta a chuva de cascalho graúdo,

Violenta sobre o casco já açoitado

No ricochete das águas em rebuliço…

Afeito, contorna as traições do seu mundo,

O revés movediço,

Vai fintando o mar furado

Que o seduz até ao fundo

Até ao fim…

Segue em abafado gemido,

De gonzo e pranto,

Gingando, apertado, em esgar fugido

Das voltas tentaculares do fluxo ferrugento.

Na busca da saída ou de um apaziguado recanto,

Acima, avista o céu de cobre em aluimento,

Que se abate como os cravos sobre a cruz…

E ali, no vórtice do horizonte minguante,

Como no covil da lombada de um livro,

Abraçados, nuvens opacas e oceano sem luz,

Esperam-no, nas asas de anjos negros,

Para se fecharem sobre as páginas da vida do errante.

Na crista da duna de espuma malfadada, dá rosto à dor:

Seguir em frente, direito ao ardil

Ou mergulhar logo ali, no silêncio?!

Sei lá!...

Ai, a saudade do lago da (boa) fortuna,

De pêssego e mel!

E estes peixes de chumbo que me rodeiam,

Saltaricos ofensivos,

Abutres de amargura e desdém.

Vou despedir-me de infatigável escuna,

Descoser as tábuas de papel,

E afundar com os carrascos que me golpeiam

Tenazes e lascivos.

Já não vou mais além…

XXI : VII : MMX

 

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Boas leituras!

 

 

publicado por ANDARILHUS às 17:49

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