Compassos
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Tento firmar-me no topo da montanha
De convicto e querido escarpado,
No cume do amor e desejo.
Escorregam-me os pés, aos poucos.
De cada vez que deixas cair expectativa
Lanço a corda do crer e do querer,
Mas o vento leva-me em sombra branca
De neve solta.
O beijo torna-se mais morno,
O abraço mais lasso;
O olhar pousa menos arrebatador,
A mão menos envolvida…
O elenco das carícias aparado.
Ainda não sei bem o que és…
Talvez o eco das vozes da terra,
Talvez o halo da minha busca de perfeição.
Sei que tudo o que temo está a teus pés
Arreigado na ponta dos meus dedos, sem guerra,
Pelos ditos das revoltas do coração.
Vem! Deixa teus pesos, as tuas sepulturas.
Espero-te em todas as marés,
Da penumbra ao alvor.
Remenda as feridas com novas costuras
Arremessa para longe a âncora da dor, do revés
E afaga as penas de Fénix renovador.
Vem! Não me deixes em pesos e sepulturas
Sacode-me, resgata-me de teus pés,
Asperge-me de sentir e calor.
Trava os rasgões da alma com fortes ataduras
Puxa-me para o barco que caio em negras marés
E caminha com quem sou, tira-me do teu andor…
Vem, vem nos passos que entenderes calçar.
Preferia-te na surpresa que, como maravilhado, te admirei;
Preferia-te na fera que, como presa, te concedi;
Preferia-te na atenção que, como estranho, te dediquei;
Preferia-te a bailar no que, como trovador, me imbui;
Prefiro-te na mulher por quem, como homem, me enamorei…
Mas vem, vem nos passos que entenderes calçar.
Eu sigo descalço, sempre, do modo como para ti cheguei ao mundo.
Andarilhus “(º0º)”
XXIII : V : MMVIII