A Torre

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Desmoronam-se as certezas

Sobre quem somos,

Afinal pode existir Deus,

Afinal esvoaçam anjos à solta,

Para nos darem algum conforto

Nas nossas inexistências

Ou a Luz como um sonho para os nosso tapados olhos,

Ou o movimento de vida para as nossas apagadas mentes,

Preenchemos os dias como sonâmbulos

Inebriados pelo sopro da compaixão lamentada dos divinos…

Afinal forjaram-nos imperfeitos,

Somos peças com defeitos,

Algures, na criação,

Perdemos a universal dimensão

Da pureza do sagrado.

E por isso te digo:

Se eu pudesse enviar-te o meu coração

E te fosse possível escutá-lo diretamente,

Sem a tradução da razão,

(Minha e tua)

Instintivamente compreenderias

O quanto (confirmei que) te amo!

 

E Deus, antes de nos recolher e refazer,

Mantêm-nos em mundos suficientes

Onde adormecemos sem percebermos,

Onde se disfarçam as fraquezas…

Todavia,

Na sua infinita omnisciência

Permite aos não acomodados

A decisão de despertar do sonho induzido.

E assim decididos

Abalados até às convicções primordiais,

Enterra-se o oásis, emerge o deserto,

Até que um dia, mais cedo ou mais tarde,

Sofremos duramente com a verdade:

Encarar a realidade sem o afago do Criador

É uma brutal crueza!

Desde o chão árido

Reconstruo a minha torre

Com a ternura da memória

Do teu sorriso, do teu abraço,

Do teu beijo, da tua doçura e carinho,

Do teu amor…

Por isso te digo:

Se eu pudesse enviar-te o meu coração

E te fosse possível escutá-lo diretamente,

Sem a tradução da razão,

(Minha e tua)

Instintivamente compreenderias

O quanto (confirmei que) te amo!

 

Seria, talvez, mais fácil pedir a Deus

Que me voltasse a adormecer

Descuidar o meu olhar nos oásis aparentes,

Mas não me rendo às forças que te oprimem,

Sigo a caiar de alvura a minha torre

Para que te sirva de farol

Por entre as águas revoltas do diluvio!

E a Deus

Peço-lhe que te desperte a ti

E assim te possa dizer:

Se eu pudesse enviar-te o meu coração

E te fosse possível escutá-lo diretamente,

Sem a tradução da razão,

(Minha e tua)

Instintivamente compreenderias

O quanto (confirmei que) te amo!

 

I : X : MMXV

Andarilhus

 

publicado por ANDARILHUS às 19:25