Cantiga de amigo (da sina pela vida)

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Senhora, diz-me em que águas

Lavas a tua áurea de frescura serena,

Como coras os rostos grisalhos da tristeza,

Em que regato carpido enxaguas as mágoas…

Diz-me, quando, assim ferida de agrura e pena,

Em que pensas, em afoita e fria destreza,

Quando o próprio pensamento

Se derriba pelos cardos da dor;

Como sossegas a aflição,

E amordaças o desgosto… diz-me…

 

Quero eu contigo aprender,

Para procurar uma luz,

Uma pequena luz,

Por ténue que seja

... mas persistente.

Um farol que me guie

Neste mar interminável

Em que cumpro a minha jornada;

Um brilho que me atraia

Como borboleta

Para repousante alívio...

 

Diz-me, Senhora,

Como posso avistar na água espelhada,

Assim, lavada áurea de frescura serena?

 

Com esta minha sina,

Por vezes corro

Atrás do pirilampo que me seduz.

E, por esperançados momentos,

Vejo quem me conduz,

Para logo desaparecer…

Quanto mais me aproximo

Mais se apagam

Os efémeros fulgores

Dos seus despertares.

A escuridão tropeça-me os passos,

Continuo a divagar

Sem acertar com o meu coração.

… Careço de amparo, senhora…

 

“Peregrino, não te deixes ofuscar

Pelos deslumbres etéreos

Das auroras boreais

Dos céus dos Homens;

Antes, atenta ao rumo puro, traçado

Pela mais singela das estrelas,

Pois é com gestos pequenos,

Feitios simples,

E condutas genuínas,

Que se lavra a minha áurea de frescura serena;

A verdade da vida… humana.

Procura a estrela, e segue-a…”

 

FELIZ NATAL!

 

Andarilhus

XXIII : XII : MMXVI

publicado por ANDARILHUS às 17:57