Carta de Um Amor Com Paixão

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Fugir de sentir

Para não padecer

Na fábula desconstruída.

Acoitar o coração, a expressão,

O toque,

Deixar engavetado o carinho.

Açoitar em desacerto os encontros,

Para não engordar o remoque,

A fome da discussão.

Desligar o olhar, o sorriso,

A palavra,

Trazer a recordação açaimada.

                Suspender, adormecer…

Caí do (teu) céu,

Talvez culpado;

Talvez incompreendido;

Talvez por castigo justificado;

Talvez sem sentido.

Caí e ergui

Tantas vezes como as tuas incertezas;

Tantas vezes como as minhas mutações…

                Talvez. Talvez…

Mas porquê? - Resisto ainda -

Porque se exige a morte da paixão

No parto do amor?!

                (Como borboleta sobreviva

                À mártir ninfa)

Assim penso,

Assim volto a cair

Paladino

Do nobre coração

Onde perdura, tenaz, a chama enamorada da paixão

Luz da crisálida do amor!

                (... Extinguindo-a, dilaceram o coração,

                Degenera em curta vida a borboleta de tanto bem-querer…)

Mas, se assim intransigente o amor,

E para te não perder,

Poderei erguer-me, mais uma vez,

                (Agora sem talvez)

Nas tuas incertezas,

Nas minhas mutações?

                (O erro não é cair;

                O erro é desistir de erguer…)

A voz que entoa

Da caixa mágica da determinação,

Sobe das minhas fundações

Para te chamar na distância que te leva

E, enquanto te estendo a mão,… o coração,

Declarar-te

                Fuego camiña comigo,

                Colina sê o meu chão, a minha doce paisagem…

 

Beijo-te.

 

Andarilhus

VI : V : MMXV

 

publicado por ANDARILHUS às 19:30