Não se murchem as flores

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Com o cisma provocado pela cisma da lida

Os que muito se amavam

Abriram brecha crescente entre si

Preenchida por um mar negro

De cardumes de fúrias e culpas.

Murcharam as flores da partilha e do querer,

Agitaram-se tempestuosas as águas turbas

Até que Neptuno domou o mar das lamúrias.

E foi então

Que começaram a lançar amarras, a construir pontes entre si,

Entre as opostas margens.

Aos poucos, regressou o diálogo e a partilha, até ao encontro

Bem no centro da ponte mais bela e robusta,

A ponte que firmava tenazmente as duas orlas.

Faltava um derradeiro passo, mas ele disse-lhe:

- “Vamos derrubar as pontes e cortar as amarras!”

Estranho pedido, que tudo parecia deitar a perder,

E ela, com pasmo triste, mais não soube dizer:

- “Se assim o queres…”.

Sorriu, então, o tolo enamorado: - “Quero e quero muito!

Desfazemos as ligações desnecessárias pois vamos encostar as margens!

Unimos as terras, e muito juntinhos, em cumplicidade e carinho,

Trocamos sementes e brisas,

Que farão renascer as flores do nosso amor!”

Ela suspirou com os olhos a brilhar,

Onde refletia já um belo jardim, perfumado e radioso,

O seu Lar, onde se amavam e, em ternura,

Educavam e brincavam com os filhos.

Acabara-se o cisma, jamais murchariam as flores…

 

Andarilhus

VIII : X : MMXV

 

publicado por ANDARILHUS às 18:40