Ósculo dEI
O que é o Amor? Ou simplesmente, ele é (existe)? Eu não acredito (tenho-o como as bruxas), mas que ele existe, existe… em múltiplas formas!
Começamos nas nuvens, onde não podíamos construir castelos… imaginávamos as suas ameias, mas não tínhamos espaço para as fixar.
Tomei teu ser sem nunca acontecer
Tive-te assim, para além do amar
Tenho tanto, sem poder querer!
Descemos à praia e, aí, lançámos a fortaleza com um singular beijo, com gosto de primeira pedra. E logo cresceu robusta a cerca.
Já tenho bússola para teu ser
Já tenho mapa de teu corpo, com norte;
Não domino o destino, pelo que acontecer
Mas, sem ti, é certo definhar de volta à morte.
Todavia, vivíamos na solidão da vastidão virgem do nosso mundo, escondidos do dia e entregues à noite da notícia.
Neste dia de estrelas diversas
A sorte seria atenta e amiga
Se, à noite, permitisse perder-me
Em conversas, amor e carícias contigo!
O sonho mantinha, reservada, a visão próxima das nuvens, sobre nós. Com vontade e persistência ergueríamos os muros até lá e então espalharíamos balcões com jardins dos mais belos e odoríficos exemplares florais. Seríamos cicerones das festas primaveris e dos bailes nas florestas encantadas de Pan e das diabruras de Cupido.
Faltava-nos o beijo de dEUS, o salvo-conduto que nos imunizasse contra o mau-olhado e a censura.
Quando sopra o vento
Em choro, por teu ouvido
É a voz do meu lamento...
O sofrer de saudade sentido!
Mantivemos a barca sobre o crepúsculo mareado da alvorada de cada dia. Uns mais calmos e em sabedoria; outros mais intransigentes no esforço da mudança.
E seguimos o rumo da consciência e do querer… bastou promover o coração a guia. E cada vez mais, mais próximos estávamos do reino das nuvens. Estas já se tocavam com o afago dos dedos do carinho!
Derrubam-se os muros
Do lamento e solidão
Caem os medos escuros
O Sol impõe-se em cintilação
Entre os nenúfares do cÉU, as ninfas do rio dourado espreitavam com o olhar doce de quem espera por nós. Assim, sucumbimos ao arrebatador e magnético encanto supremo que nos faz esquecer os pesos e os agravos que deixamos ao nível do solo da cidadela.
dEUS enviara o ósculo aguardado: dou-te o que sou e tu aceitas como sou; entregas-me o que és e só quero o que podes ser… somos agora um todo agregado e unido pela ternura, carinho e compreensão…
Estamos nas nuvens e temos o nosso jovem castelo…
ERGAMOS, agora, UM REINO ENTRE AS ESTRELAS!
Eu estou aqui!...
Andarilhus
V : IX : MMVI
“(º0º)”