Sexta-feira , 27 de Outubro DE 2006

Aliança Iris

 

http://www.microsiervos.com/images/rainbow_elam_3.jpg

I

Com Luz se iluminam os vazios; com Luz se purificam as turvas solidões…

 

ESTRELA DA FORTUNA

  

UMA ESTRELA NÃO TEM ESPELHO;

TEM REFLEXO INFINITO, POR GRAÇA.

TOMEI TUA LUZ EM CONSELHO

PELA VOZ AFOGUEADA DE MINHA SARÇA:

 

“VEJO A RECTA ENCURTAR DOIS CENTROS,

VEJO O SOLDAR DE DOIS CORPOS CELESTES,

VEJO, NO MESMO SEGUNDO, DOIS MOMENTOS,

VEJO O AMAINAR DE DOIS VENTOS AGRESTES!”

 

JÁ NÃO TE VEJO; ESTÁS EM MIM:

SINTO-TE E VIVO-TE COMO UM TODO!

 

JPópulo

XXVII : X : MMVI

... por ti e para ti...

Andarilhus "(^o^)"

Aura:
música: The House of Love: "Shine On"
publicado por ANDARILHUS às 08:17
Sexta-feira , 20 de Outubro DE 2006

ESPECTRO

 

http://www.fotografia-na.net/data/media/4/Untitled-1_cavaleiro_do_nevoeiro.jpg

…mesmo os relógios com os ponteiros parados têm a hora certa, duas vezes por dia… há muitas horas, muitos dias que se repetem… mesmo, na nossa vigília mais firme, o coração atraiçoa-nos. Não por masoquismo, mas por crença que da próxima vez será diferente… Penso continuar a deixar-me cair nesta doce traição. As mágoas, essas, abafá-las-ei, se necessário, em sortilégios escritos, bem conhecidos e medrados num peito já curtido pelas inconstâncias climáticas da experiência humana: depois da tempestade, a bonança…

 

Espectro

Na parede, a mancha espreguiçada do luar

Lograva esconder a dor camuflada na sua sombra.

A alma, em fuga, refugiava o pensamento no céu.

Mais obscuro do que a noite, o seu intento perscrutava com o olhar

Além, bem mais longe do que a avassaladora distância da penumbra:

Premeditava-se condenado à condição de réu!

 

A praga conquistava-lhe, com paciência, as entranhas do corpo;

A maldição tomava, com gula, posse da sua vontade.

E, consumido pelo fogo terrível da herege paixão,

Vergava-se lentamente ao desejo do destino perverso,

Enlouquecendo, golpe a golpe, pelos inebriantes acordes

Do enfeitiçado coro de sereias do mar da ilusão.

 

Convocados todos os demónios para o mitológico festim,

Apertava-se o cerco tenaz, embargando implacavelmente

Qualquer esperança de conhecer a luz do amanhecer seguinte.

A justiça sumária com simpatia oferecia o cálice do fim.

A morte, em prévio triunfo, brindava silenciosamente.

Lúcifer, cobiçador, humilhava-se à máscara de pedinte.

 

Perdido em conjurado tempo; prisioneiro em inóspito espaço.

Algures na corrida da fuga esvaía-se a liberdade,

No horizonte convergiam as grades da escuridão.

Inspirava o ar dos tormentos, forçando o rejeitar do cansaço:

Sem as revelações do seu deus, como saber a verdade?

No peito abafava o sino da misericórdia, na mente afogava a lamentação.

 

Era já o campo de batalha conquista da pérfida derrota.

Mas, rendido seu suserano pelo ataque traiçoeiro da tristeza,

Tombado por terra, despido de todas as vestes da honra,

Resistia ainda em solidão o bravo vassalo,

Que armado do mais negro vazio, cintilava nas trevas do combate,

Negando a custo o conforto da entrega, para afoguear a violência da peleja!

 

A cada embate, medonha crescia a noite. E no desespero, exortava por um sinal.

Ergueu-se decididamente a lâmina sedenta por talhar o último suspiro.

Quando de um rasgo do firmamento surge a aurora do santuário:

Entre as estrelas demarca-se uma constelação, em majestoso debruçar

E, na venial façanha, resgata o valoroso guerreiro, no dorso de um cometa

Oferecendo-lhe o retorno para entre os seus, no reino dos amores...

XXII : VI : XCVII

J. Pópulo

 

…haverá sempre uma solução? Ou haverá um dia em que nos rendemos de vez?

Andarilhus “(º0º)”

 

música: Joy Division: Passover
publicado por ANDARILHUS às 08:42
Terça-feira , 17 de Outubro DE 2006

Mundus Novus

redomadonada.zip.net/images/buraco_turquise.jpg

… sempre no mesmo caminho, esticado, rectilíneo e interminável e, de repente, uma esquina. Vira-se e tudo renasce aos nossos olhos…

 

Por meses enfrentei o espelho! Via nitidamente o que queria alcançar. Coisas simples e práticas, sem ambições desmedidas.

Todavia, quando esticava o braço para acariciar o meu sonho, o tacto, de retorno, respondia com a superfície abstracta e fria do vidro…

Tantos meses, tanto desejo de tocar na minha vontade e sempre o choque turvo com aquela superfície insensível.

Hoje, SIM HOJE! Hoje, atravessei o espelho! Entrei finalmente na dimensão tão almejada, tão esperada.

Agora, um novo mundo abre, sem resistências ou alarmes, uma nova vi(d)a. Que digo?! – Abre uma nova cidade repleta de vias e opções!

E já sei por onde começar…

 

O meu respeito e agradecimento a todos os que, com conhecimento de causa, deram a força possível a um espírito, embora tenaz, algo cansado…

 

XVII : X : MMVI

Andarilhus “(^0^)”

 

música: Sisters of Mercy: Behind the Door
publicado por ANDARILHUS às 13:26
Segunda-feira , 16 de Outubro DE 2006

Perdidos & Achados

 

skvc.blogspirit.com/images/medium_metade.2.jpg

Com um mundo tão grande, cada vez maior, cresce a diáspora do que somos…

 

Quando é que te encontras? Consegues a solidão suficiente que te aparte da multidão e da azáfama que te rodeia e abra o caminho para o reencontro contigo? Consegues alcançar a elevação espiritual necessária que te permita gerir duas entidades, duas pessoas, em ti, que lançam o diálogo interior, sagrado e de reunião da família do teu EU?

Corres, solto, abraçado ao vento, pelos imensos campos verdes, com pedaços de rocha de cinzento frio, a espaços. Os ouvidos seguem a melodia encantada da brisa e de algum descontentamento de uma ave assustada com a invasão do território.

E, o teu respirar é forte e profundo, como nunca o escutaste. E ele diz-te, em diagnóstico, o resultado do equilíbrio do organismo. E o coração acompanha: Nem sabias como o coração palpitava tão alto e alegre! É quase tão audível como o carinho da brisa… Depressa descobres que o teu corpo fala contigo. Por mímica ou por música doce, vai-te dizendo que continuas vivo e de saúde. Finalmente, prestas-lhe atenção!

Avanças, pelo terreno e pelo teu SER. Ouve agora o que te diz o pensamento, para além das reacções que ele quotidianamente é obrigado a emitir continuada e velozmente, quase sem essência, quase sem PENSAR.

O silêncio dá-te o ensejo, não o rejeites por distracção. A calma no chegar, o arrancar dos ponteiros ao relógio, lança-te na viagem interior: comparas as vertentes íngremes dos montes, que tens de vencer, aos desafios vertiginosos das encostas que tens de lidar e superar na rotina do tempo social; Comparas o correr espreguiçado dos riachos ao sono regenerador dos curtos sossegos da cidade; Verificas que atrás de uma serra se encontra um vale, exactamente como na vivência viciada de altos e baixos da fé e da moral!

Assim, em roda de ti mesmo, engenhas soluções porque te escutas! Sentes mais o teu indivíduo, descobres a tua presença integral na paisagem. És um TODO!

Terminada a assembleia do clã pessoal, derivas os teus membros de novo ao confronto das marés da vida… com as forças restabelecidas…

É assim que te encontras… também?

Andarilhus

“(º0º)”

 

música: All About Eve: Martha's Harbour
publicado por ANDARILHUS às 08:48
Quarta-feira , 11 de Outubro DE 2006

O Circo das Vaidades Perdidas

tryptich-circo-florilegio-acrobat-3.jpg

Pão e Circo para distrair o povo: Supostamente para o embalar num contentamento aparente…

 

Se lacrimejo é porque já não posso reter as forças da angústia e do negrume da tristeza que faz transbordar o mar de águas cálidas que em mim remanesce em teimosa aparição.

Rompeu-se a corda que me mantinha na acrobacia da vida, tão verosímil, rectilínea e estável e, em queda, descubro que na distância que me separa da colisão com o chão da realidade… NÃO HÀ REDE de permeio e amparo!

Fechar os olhos e desejar sofregamente que tudo não passe de um truque ou um encantamento infeliz dos colegas da profissão de mágica que partilham este circo. Mas, até estes se afastam quando já não se consegue esconder ou contornar a verdade crua e nua.

E não há contorcionista que debele a dor que sinto: não há arte suficiente para rodar o necessário do pescoço, para que não assista ao meu infortúnio; não há elasticidade compatível para suportar a rigidez das minhas inexistentes soluções. Como gostaria de me dobrar sobre mim e caber no buraco mais pequeno que encontrasse. A mais célere fuga é o esconderijo da imobilidade.

É só que quero estar. Ou na companhia dos leões e tigres. Enjaulado, tenho a certeza que os males e os perigos do mundo ficam presos no exterior. No espaço das feras – as verdadeiras feras e não as falsas e simuladas – ascendo a um espaço de santuário, há muito perdido nas armadilhas do Homem.

E, como o autêntico artista que falhou redondamente o número circense e enjeitou os sonhos de tantos que o apreciavam e perdeu, num ápice, o saber experimentado que juntara ao longo de anos, contemplo as mãos nuas de objectivos e os sapatos rotos de esperança.

O que fazer com este VAZIO?

Arrenda-se espaço no coração, troca-se amizade e atenção, dá-se companheirismo, procura-se um abraço, uma palavra de alento…

Quando voltarei a subir ao trapézio e a roçar o céu da serenidade e bonança do manto macio da cobertura do Circo? Com as fracturas sofridas na queda, não é fácil assumir levianamente o risco…

Mas, a vida abre-nos tantos postigos… espreita-se?

 

A odisseia de todos os pedaços maus ou menos bons da existência… Uma homenagem aos que sofrem em silêncio.

 

XI : X : MMVI

Andarilhus “(º0º)”

música: Nick Cave: The Lyre of Orpheus
publicado por ANDARILHUS às 08:35
Segunda-feira , 02 de Outubro DE 2006

As Mutações da Máscara

 

navegarepreciso.blogs.sapo.pt/arquivo/Outono.JPG

Os Outonos da existência e a existência no seu Outono.

 

Hoje está um dia em que caem folhas entre a vertigem das gotas de chuva. O céu chora, as árvores despem-se em luto e prostração. Tomba a época da criação e da colheita dos frutos da imaculada natureza. Jazem as sementes para o recapitular atempado do triunfo da vida. Morre-se depois de vivo, mas é preciso morrer para se gerar a vida. O perfume do mistério da criação. Tão simples e natural para uma compreensão humana tão complexa e ansiosa pelo artificial.

 

Serram-se, âmbar a âmbar, as horas de luz dos dias. Reduz-se a alegria do SOL e pacificam-se os espíritos bronzeados com a frescura doce dos rápidos crepúsculos das tardes minguantes.

Os semblantes dos transeuntes untam-se de castanhos e amarelos-torrados, empalidecem com a retoma dos trabalhos a com a soma de mais um ano. O fumo do assador de castanhas, tudo isso relembra, tudo isto acentua e aromatiza…

 

Já vai o solo pejado de matéria orgânica, o húmus enriquecido de novo fertilizante; já vai o pensamento pleno de epílogos de relações, acontecimentos e eventos, o coração de amores e projectos prometidos. O ciclo entra na sua curva cava, para ganhar fulgor na descida e acelerar para a subida crescente e primaveril, que se adivinha ao fundo, após a contracção fria.

Mudam-se as roupas, mudam-se as vontades… tiram-se as máscaras sazonais do armário. Jano inicia a sua marcha para o trono do presente de onde contemplará o alcance infinito de passado e futuro. Não falta tudo para termos um pé num ano e o outro pé no ano seguinte.

Granjeiam-se e guardam-se religiosamente os saberes e os sonhos que se vão apostar quando chegar a hora oportuna. Hiberne-se um pouco a ousadia e a propensão ao risco porque os rigores do General Inverno estão próximos; resguarda-se a áurea do SER para quando chegar o degelo.

 

E, de Outono em Outono, rasgadas as folhas sucessivas do anuário, depressa tocamos o Outono da vida. E o que fizeste na tua Primavera e no teu Verão? Semeaste e colheste para guardar agora e superar depois, ainda em alegria, ainda iluminado, o Inverno?

Atiraste ao vento a amizade e disseminaste amigos? Plantaste o bolbo do AMOR e tens agora a árvore frondosa do companheirismo e da parceria incondicional? Entranhaste o enxerto do divino na mãe terra e fizeste crescer o milagre da gestação dos teus descendentes? Fizeste do trabalho, pão? Criaste memória? Levantaste obra, com paixão? Deixas saudades, quando partires?...

 

Se soubeste encantar a beleza e fecundidade de Eros e Vénus na juventude, se soubeste cativar a astúcia e a força de Ulisses e Hércules no estio, usufrui agora da ponderação e contemplação de Zeus e Hera, enquanto esperas pelo entardecer no teu Olimpo e o descanso plácido de Hades. Como cheiram bem as castanhas assadas…

 

…FORÇA E HONRA!

 

II : X : MMVI

Andarilhus “(º0º)”

 

 
 
 

 

música: All About Eve: Shelter From The Rain
publicado por ANDARILHUS às 08:20

BI

pesquisar

 

Outubro 2006

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
12
13
14
15
18
19
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31

posts recentes

últ. comentários

  • Cara Otília Martel,agradeço a visita, a saudação a...
  • Há anos que aqui não entrava. Ou antes, tinha perd...
  • Obrigado!Depois, publicarei os dados/relatos das j...

mais comentados

Tombo

Visitas

Viagens

Chegar-se à frente

subscrever feeds

blogs SAPO


Universidade de Aveiro