As bodas de Ninfa
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… Pedi licença à montanha para erguer minha tenda de fio de seda.
Levei os meus aranhiços tecelões para coser o fio que unisse as estrelas em almofada de sopro, onde te pudesse oferecer o repouso e o conforto da crisálida.
Beijo o ar, para o aquecer na tepidez da ânsia da esperança. Quero que tudo seja perfeito… Tão perfeito quanto o possa conceber… e a imaginação é tão fértil.
Como com o condão de varinha mágica, pelo sonho, tudo posso profetizar, a tudo posso dar forma e ambiente.
Só não consigo antever e definir os contornos da tua reacção e sentir. Todavia, posso adormecer docemente a adivinhá-lo em desejo.
É tão meiga a inocência. É tão plácida na sua pureza. É um distraído contentamento e um contente convencimento. Nela conservamos a criança que já fomos e abrandamos as tensões e as reservas de adulto, em jogos de “faz de conta”.
Com a ingénua felicidade, marco encontro contigo no vértice da montanha, no ponto da união dos mundos, no ponto da fractura da distância. Sigo atarefado, secando os oceanos, arborizando os desertos, trespassando serranias e construindo pontes sobre os abismos, para aliviar a tua passagem. Não quero que demores por empecilhos menores. Segue o trilho de violetas que deixo plantadas… tenho algo a sussurrar-te antes que morra… de emoção.
Pela noite, enviarei os anjos mais luminosos para guarida das tuas passadas. Segue as violetas, mesmo na penumbra. Elas dir-te-ão o caminho sem perigos e sem surpresas.
Porque a surpresa, reservo-ta eu.
Vem prometida, vem ver, do ponto mais alto da simplicidade, o destino que te anuncio.
Parece-me que os aprestos e as vontades se entendem
Estamos finalmente juntos. Comece a boda dos sonhos! Pozinhos de perlimpimpim, astros em movimento acrobático, um arco-íris nocturno! Melodias de Pan, com coros de Sereias e Golfinhos; danças de pirilampos e cigarras… e eu contigo, de mão dada, recebemos a bênção da mãe suprema – a Natureza. Vou libertar-te numa nova vida. Abrir-te as asas de borboleta e voar contigo para uma ventura a dois…
Penso, logo existo; Sonho-o, logo o faço…
Já tenho tudo alinhavado… espero por ti…
Andarilhus “(ª0ª)”
XXVIII : III : MMVII