Domingo , 29 de Abril DE 2007

Resgate dos Apóstolos

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O salvo-conduto pelo acolhimento da doutrina ou a doutrina da identidade genuína?

 

No horizonte profundo, para além das colinas, lá muito arredado, há um espaço de regresso e recomeço.

Rebentam os tabus. Estouram as barragens do conformismo.

Quero mais, quero um mar de aventura, uma experiência que em novidade, para sempre dure!

Adoramos a vida dos manuais escritos, ensaiando os seus dogmas mais difundidos… e para quê? Para estar aqui e agora com um sorriso de plástico e um olhar de satélite?

Nas profundezas do lugar há um canto de encanto perene para cada um de nós… é longe no seu alcance é perto na distância, bem dentro do que somos…

Reflexões…

 

Andarilhus “(ªVª)”

XXIX : IV : MMVII

 
Aura:
música: U2: Trip Through Your Wires
publicado por ANDARILHUS às 23:43
Segunda-feira , 23 de Abril DE 2007

Santos e Mártires

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 Por dia de S. Jorge, a guerra e o amor ao infiel… qual a melhor abordagem? … o amor!...

Contam-me histórias de uma princesa moura de além Mondego. Alguém, cujo rosto, ninguém conseguiu ver... Um enigma, uma construção de nuvens...

Intrigado, eu corri as planuras conimbricenses e abeirei-me do castelo de sua morada.

Transpirado o burel sob a lóriga de ferro, no freio de intensa cavalgada, acerquei-me furtivamente da fortaleza dos filhos do Islão. Entardecer de veludo com imensa luz de Lua cheia, a encavalitar-se no firmamento. Estrelas pendentes da manta celestial, piscam os olhos aos atentos nas maravilhas de cima.

E lá no alto, quase a tocar o céu, na mais alta das torres, na ameia entre dois merlões em vénia, move-se aquela sombra azulada, rodeada por uma pequena áurea branca, sob fundo, outra vez azul, mas escuro... Vejo alguns contornos, algumas curvas, todavia, de todo, não adianto uma fisionomia, um corpo concreto... A princesa moura! Esforço a vista, mas não consigo mais do que captar uma imagem bem definida, mas também muito esbatida...

Encantado... é meu desígnio seguir encantado com os feitos e conhecimentos de vida... e com este mistério da noite das mil estrelas... Gosto da essência que lhe reconheço. Com ela perco-me nos campos de amor do inimigo, com ela construo um ideal de vida. Vida debatida, vida escalpelizada...

Cresci assim, a criar o consolo dentro de muita solidão e angústia. Serei normal? Serei, dentro da minha normalidade! Mas, se existe este novo reino, mesmo gentio, é porque há espaço a explorar no ser ou porque o ser está em constante desenvolvimento de novos espaços, ou pelos dois… Sei que a vontade de ir mais além é como um cavalo selvagem, sem rédea e sob orientação dos odores que o vento carrega…

Se a sarracena me acolher e tiver fé que é preferível um singular momento de amor ou uma dor de falta após forte presença a uma existência pacata e sem riscos, então estará imbuída da magia que me cativa. Se ela concordar que nada deve esperar de mim, mas sentir que tudo o que eu lhe possa dar – nem que seja efémera sombra – é água no deserto, então entrará no mesmo batelão em que me mantenho à superfície. Se a moura admitir que tanto o nada como o tudo podem acontecer, sem exigências ou futuras condenações ou expectativas, então vive no meu mundo, sem deus específico, benevolente ou autoritário!

Se em corpo encontrarei o balanço físico de tudo isto?... não sei. E isso importa? Sim, importa, se der ouvidos aos esporos que instigam a minha masculinidade; não, são irrelevantes se me mantiver um espectro, construído apenas de sentimento e pensamento.

E como separar em absoluto uma coisa e outra? Só com grande disciplina do conjunto sistémico do ser... ou... simplesmente nem pensar nisso e deixar que deus ou deuses decidam.

Sou mais "cão" do que a moura. Esta infidelidade religiosa esmaga-me os ossos e rasga-me a carne. Sou homem, ou melhor, sou ser instintivo da mãe natureza... Sou predicado e sujeito... procuro complemento... imaterial ou material; real ou visionário... Sei lá! Nem eu me conheço cabalmente... O melhor será, provavelmente reagir a cada momento a cada novo estímulo, sem pensar demasiado. Pensarei depois. Agora, sinto. Deixo-me à mercê dos meus tentáculos sensoriais....deixo-me submerso nas águas da emoção... afogo-me... sem me debater. Não morrerei disto, ninguém morrerá...

Como dizem uns certos senhores da música: de dia, pergunto-me; de noite, reflicto... assim seja, com a condicionante temporal alargada: uns dias, debato-me em dúvidas, noutros, apaziguo-me em respostas. Boas ou más, libertarão a minha ansiedade de solução.
E dEUS perto, sem dar um empurrão, para o topo da torre ou para o chão...

Se sofro é porque tenho a alegria de ter algo por qual sofrer; se me alegro é porque compreendo em mim algo pelo qual sentir dor... porque amo e partilho a agrura de quem amo. E quem amo? Um só ser? Apenas a mim? Uma comunidade? Todos, indiscriminadamente? Serei eu o mais insensível e abstracto respiro de vida à face da terra? Serei eu dEUS, neste mundo do Homem? Não! Verto lágrimas, esboço sorrisos, por aqueles que, de conhecimento, directo ou impessoal, tocam as franjas do meu coração sem corpo. Um coração que é um barómetro das experiências recebidas.  E o corpo sem coração?...

Moura encantada, dos campos góticos sob fogo da espada árabe, dos campos da reconquista da pessoa, se me quiseres como uma soma de momentos sem limite, sem infinito, sem balizas temporais, assim me terás… como eu te espero ter. Sou muito simples, muito directo: o mundo que tenho hoje, não pretendo cerceá-lo. Admito engrandece-lo, haja decisão e naturalidade para o fazer.

Desce da torre decidida ou entrega-me a decisão de te raptar…

 

Andarilhus “(ª0ª)”

XXIII : IV : MMVII

música: The Mission: Crusade
publicado por ANDARILHUS às 17:22
Quarta-feira , 18 de Abril DE 2007

Odisseia

 

 

A vida e as suas mutações ao longo dos anos, embala-nos em momentos de felicidade e fere-nos em instantes de profundo flagelo de dor.

 

Na plataforma do destino, todos aguardam por transporte. Estás ansioso. Quando chegar a composição, vais ensaiar iludir as desilusões, vais tentar perder as tuas piores notas da realidade. Queres deixar no cais as baratas do infortúnio, que te consomem a despensa da alegria e contentamento.

A estação está a abarrotar de amargurados. Não sabes se conseguirás ludibriar os teus pesos e deixá-los esquecidos, para trás. Os teus e os dos outros, fardos, porfiam em trama para não descolarem dos seus anfitriões. Como parasitas desenvolvem o instinto da sobrevivência nos domínios dos seus padecentes.

Tudo mexe, como num jogo. Crescem as sombras, esbarram-se as sombras, empurram-se as sombras! Não há Sol, no seu clímax, que queime aquelas manchas negras e desgastantes. A atmosfera degenera com a espera…

Eis o metropolitano, fiável, à hora certa da rotina, cruel, àquela hora da vida. Não se afasta um milímetro do trilho bem demarcado, não tem um segundo de flexibilidade no instante.

Estás ali movido pela obrigação. Começas a cismar com a pouca liberdade que ainda te resta. Tens três soluções: fazes o que te exigem e entras no veículo; revoltas-te e recuas na linha que te apontaram; desistes, atiras-te para os carris e deixas-te triturar.

Já não há muito tempo para aturadas reflexões e decisões:  Deixa-te levar pelo instinto! Ainda acreditas que os ventos podem vir a soprar de feição e solidariedade? E o que podes fazer para atiçares a chama da revolução?

Á tua frente abre-se a passagem para o interior da viagem… alguns, bem contados, momentos para cerrar os olhos e aniquilar o real em fumo espectral. Saltas lá para dentro! Afinal, a esperança ainda é inquilina no teu lar íntimo.

Entras, mas para fazer qualquer coisa, e já a partir dali. Os companheiros de jornada serão os primeiros a sublevar!

Estás inexorável, vais gritar! Levantas a cabeça e encaras a tua audiência de silenciosos… mas os olhos, aqueles olhos alinhados em militância da pobre expressão, rendidos ao vazio… Cada olhar, uma história muda; Cada suspiro, uma experiência a banir…

Assim, com tantos curvados e outros tantos vertidos pelo chão da desistência, como vais erguer novo mundo?

Recordas a infância e a contenção da consciência do mal e da dor nessa época de descuido e despreocupação. Não imaginavas, então, o mundo complexo e complicado que os teus pais filtravam com artes mágicas. Que robustos escudos foram para ti. O quanto agravaram e encaixaram na sujeição do orgulho, por ti…

Em cada rosto mortificado encontras novas razões para mudares de carruagem. O comboio é longo. Nos vagões da rotina não encontras pares. Contudo, o mito das carruagens tresmalhadas dos desalinhados não se esgota na terra do nunca. Elas existem, para os audazes e para os que mantém a fé num futuro diferente.

…. Abranda e pára. Chegados são os viajantes às paragens do destino. Apesar de nada despertares nos outros, tu elevaste a tua exigência pessoal, exorcizaste os teus fantasmas e definiste maior decisão no teu rumo.

Abrem-se as portas. Os demais saem para uma estação igual àquela que lhes serviu de partida. Tu sais para um lugar de luz e de invento.

O sistema que se cuide… vem aí a novidade!... a nova ordem…

 Que bilhete vais tirar?

 

“Far beyond the black horizon
Beyond the things you know

Everybody got a destination
Everybody got a place
To go...”

[Sisters of Mercy:”Long Train”]

 

Andarilhus “(ª0ª)”

XVIII : IV : MMVII

 

música: Sisters of Mercy: "Long Train"
publicado por ANDARILHUS às 23:12
Terça-feira , 17 de Abril DE 2007

Nas Asas de Ícaro

 

http://www.geocities.com/capecanaveral/hangar/9434/icaro1m.gif

 

Errante. Uma abelha sem colmeia.

Passas pelo jardim distribuindo atenções a todas as espécies de pétalas mais ou menos graciosas. Não revelas, nas tuas raias, as tuas predilecções florais.

E conheces a essência da vida. Conheces os seus prazeres; conheces os seus azedumes. Sabes que só deves interromper a missão por algo, se já o tiveres por importante.

E, se a cada amanhecer, tens, nos olhos, aquele verde água que, só por si, suspira para que o milagre aconteça, a cada entardecer tens no rosto a luz da resistência da aurora.

Falta o entoar dos céus, falta a chuva torrencial, para que tudo transite de sítio. Há que recomeçar, mas esse primeiro passo para zonas de violetas estranhas dão-te que pensar. Afagas as antenas em toque de cera pachorrenta: uma pende para o grito de liberdade, para o corte com o enxame secular; a outra retrai-se no conforto do orvalho das manhãs costumeiras.

É o Pomar, o lugar que mais aconchego transmite à tua azáfama. Só lá, como o pomo de oiro, a maçã que todas as macieiras gostariam de criar, te esqueces da tua condição de obreira. Aí o mundo acaba; aí o mundo principia… não há pressa, tudo o resto pode aguardar. Finalmente o sono tranquilo. Enfim, abre-se o prado dos sonhos, com sombras de maçãs doces de canela e mel, pela alcatifa de erva alta, meiga e macia nos teus rebolares de alegria … E respiras, mordiscas o ar. Ele é espesso, carnudo, mas límpido e transparente como a água mais pura do degelo.

Manobras do sagrado para o voo invertido do profano. Esvoaças satisfeita, deixas que te conduzam, porque quem entra nesse espaço de santuário é digno da tua cega confiança. E, de olhos fechados, vais pela mão até ao riacho de hidromel, junto à cachoeira das rochas de goma. Pela frescura húmida, tiras as listras, uma a uma e vestes as fantasias mais queridas. Ora és assustada gazela em apuros; ora és agressivo leão das montanhas; ora és suave e astuta raposa… A condição de abelha espera, pendurada num galho do salgueiro… também ela repousa…

De errante já pouco subsiste… A cada entrada no Pomar regeneras as tuas fraquezas, as tuas tibiezas, as tuas indecisões… 

Em breve não sussurrarás mais as despedidas ao pomar. Não carecerás de ir ao seu encontro porque ele estará sempre contigo, como um amuleto cravado no coração.

Tanto hás-de beber a sua polpa que ele criará fruto em ti… do casulo da abelha irromperá forte e frondosa macieira, única, num novo pomar, em torno da qual se formará novo círculo de vida, iluminada pelas maçãs de uma nova estirpe. A maçã da verdade, que não corrompe os filhos de dEUS.

A última saída do labirinto para o errante… ou talvez não. Se a saída não está no horizonte, olha-se para cima… que o diga Ícaro…

Estás aí? Começo a conhecer-te…

 

Andarilhus “(ªoª)”

XVII : IV : MMVII

música: Fields of the Nephilim: "Last Exit for the Lost"
publicado por ANDARILHUS às 08:58
Quarta-feira , 04 de Abril DE 2007

O Anelo da Ninfa

http://www.mundomagicolily.blogger.com.br/agua-48.gif

 

Ainda caminho… em breve, alada, não sentirei nos pés os pesares do mundo.

Ouvi o teu chamamento. Recolhi o essencial do que conheço. Deixo o sobrante para trás…Estou, neste momento, entre duas terras… o retiro longínquo e de longa memória e a pátria que acalento no coração: os teus campos de dedicação. Quero chegar tão perto quanto mais difícil for alcançar o epicentro do teu ser. É lá que sei que me esperas; é lá que o meu cansaço vai encontrar o repouso do doce adormecer nas ondas cadentes do teu afago…

No teu cuidado me encontro encantada e ansiosa por contemplar tamanho espaço sem tempo… Quero entabular os votos e navegar na cerimónia que me anuncias e para a qual me convocas… a mim, tão indistinta que sou…

Porque me rio em sussurro quando me pergunto o que tens preparado?! Porque és tão diferente dos demais? Consegues surpreender-me sempre, mesmo quando estou confiante de te conhecer na plenitude. Tens um limite? Ou vais manter-me num eterno pasmo e espanto a cada teu novo movimento?

Tanta novidade não me deixa fragilizada, apenas me exige uma constante atenção, uma constante desenvoltura e crescimento. Agarro-me firme a essa vertigem de aperfeiçoamento a dois!

Segui as violetas. O caminho foi suave e afortunado. Impregnados de odores de êxito ficaram os teus trabalhos.

Já vejo ao longe a fogueira do altar do sacrifício… da solidão e da tristeza… da revelação. Vais dizer-me o que já sei, mas subirei as escadas em saborosa ingenuidade, em agradável engodo de desconhecimento!...
Nunca uma noite foi tão estrelada, nunca a Lua deixou o Sol tão subestimado… Que beleza, púrpura nos céus, mista de argiloso amarelo-torrado e de esperançado fino verde na Terra!...

Já escuto o entoar dos silvos dos duendes:

“My young love said to me
My mother won't mind
And my father won't slight you
For your lack of kind
And she laid her hand on me
And this she did say
It will not be long 'till our wedding day
And she went away from me
And she moved through the fair
And fondly I watched her move here and move there
And then she went onwards
Just one star awake
Like the swan in the evening
Moves over the lake
Last night she came to me
My dead love came in
So softly she came that her feet no din
And she laid her hand on me
And this she did say
It will not be long now
Till our wedding day”

[“She Moves Through The Fair”. Tradicional, Irlanda]

… Se é por mim que esperas, cá estou eu, a Crisálida Escondida, para abrir as asas de borboleta e esvoaçar de júbilo!

…shiu! Subamos agora o acesso ao promontório, em sagrado silêncio…


Andarilhus “(ªoª)”

IV : IV : MMVII

música: Heroes del Silencio: "Tesoro"
publicado por ANDARILHUS às 17:12

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