Terça-feira , 24 de Julho DE 2007

Amo, amas … Amatum

Amantes de La Peña

http://debronce.deandalucia.net/monumentos/thumbnails/amantes.jpg

 

 

Deixa-me entrar no segredo da tua torre de marfim

Deixa-me entrar na reserva das tuas paredes sagradas

Deus, fizeste aqui o paraíso!

 Cura-me com o teu gracioso dom

Cicatriza-me com o teu toque de emoções prezadas.

Os teus dedos dançam pelo salão da minha pele

Em alcance do orgulho desperto do homem

 

Nós temos as mãos entrelaçadas, nós somos carne com carne

Nós estamos em travessia pelo fogo do amor

E de fôlego em fôlego, de labareda em labareda,

Nós arderemos até que o Sol se erga e ilumine o nosso bailado

E o amor flúi, o amor corre livre

O meu amor desce sobre tudo o que tu és

O meu amor desponta por ti


Ama-me até que a morte chegue, minha flor

Corre descalça através do meu cabelo

Nua nos meus lábios

Ama-me até que a morte chegue, minha preciosidade

Amansa-me com beijos

Mergulha-me nas tuas ondas de aluvião doce


Abraça-me querida e sepulta-me fundo em ti

Abençoa-me com a tua palavra de honra bravia,

Nós amamos mais por fado do que por desígnio.

Pois, dá-me a tua mão e eu dar-te-ei, feliz, a minha vida

Minha flor, que balouça na brisa.

Devemos ser mais fortes do que os ventos que te sopram para longe

Sopram para longe

 

Ama-me até que a morte chegue, minha preciosidade

Corre descalça através do meu cabelo

Nua nos meus lábios

Ama-me até que a morte chegue, minha flor

Deita-me na tua cama de pétalas

Cobre-me com o teu mel, meu renovo


Ama-me até que a morte chegue, minha flor

Ama-me até que a morte chegue, meu tesouro

Corre descalça através do meu cabelo

Dança selvagem no meu coração

Ama-me até que a morte chegue, minha preciosidade

Ama-me até que a morte chegue, meu amor

Turva-me, ilude-me e pune-me delicadamente.

Gentilmente ama-me até que a morte chegue

Ama-me até que chegue a morte…

 

…e não me esqueças depois dela… eu não te esquecerei…

 

 

[Traduzido e adaptado da letra da música “Love Me to Death” dos The Mission]

 

Andarilhus “(ºvº)”

XXIV : VII : MMVII

música: The Mission: Love Me to Death
publicado por ANDARILHUS às 17:34
Sexta-feira , 13 de Julho DE 2007

A Carta

http://madalena.blogs.sapo.pt/arquivo/escrever.jpg

 

Muitos dias passaram desde que te vi partir e desaparecer no horizonte, ofuscado pelo sol raso do ocidente.

Mil noites passaram que não durmo, desperto compulsivo pela falta dos teus dias.

 

Foram malas-artes que te levaram. Sou agnóstico nesta superstição e não entendi ainda porque abalaste. Apenas sei que só e abalado, fiquei eu.

Na catástrofe agasalhei-me, instintivamente e em defeso, na ventura de naufrago à vista de porto seguro. Efémera condescendência… Depressa fui arrastado para a deriva no oceano profundo, sem vista para qualquer talhão de terra acolhedora.

Contei os botões, vezes sem conta. Algum saltava ou escondia-se, em maliciosa ousadia, para exacerbar o meu sentir ermo…

 

Lembro-me. Prometi-te ser carinho, ser dedicado, ser tolerante. Falhei. Este génio irreverente que não me deixa ser coerente ou cumpridor com quem mais me amnistia dos pecados.

Se me ouvisses agora…

Escrevo-o! E suspiro a crença de que os ventos te levem esta carta na redoma de vidro, em boa maré. Maré de sorte, maré de acerto.

Quero segredar-te os pensamentos das mil noites despertas. O que contigo aprendi, o que contigo afago ainda alcançar.

 

Não é tarde.

O Sol pode reerguer-se no horizonte e conduzir-te de regresso a este lar que reservaste no meu peito.

Não tenho jeito para justificações. Não tenho insondáveis habilidades para pedir desculpa. Tenho apenas o que sou. Não é muito de edificado, contudo abundam as grandes planícies selvagens onde tudo se pode erguer, tudo se pode semear e colher, tudo pode ser novidade pelos trilhos do tempo!

Aí longe, aperto-te com mais proximidade, com mais cuidado e ternura. Não há espaço vazio onde não te descubra… em visão, em desejo. Brincas às escondidas comigo e, não raramente, quando me distraio dos estados banais, deixo-me levar por este catraio que se apaixonou e contigo renasceu. Saudade!!!!!!!!

 

Querida Fuego, se este trapo encontrares a bolinar contra ventos e borrascas, atenta e resgata-o ao mensageiro: são meus pensamentos arruaceiros, diletantes por tua atenção. Não o rasgues em impetuosidade. Antes o queimes de alegria e com ele faças sinais de fumo anunciando o teu regresso!

 

A casa está na mesma, o lugar sem desabrochar rebento floral. Desde que saíste já nada sorri. As pedras ficaram mudas, as árvores fazem o pino. Que fazer com o riacho que reverteu a marcha e corre agora para a nascente? Está triste, encolhe-se e chora. Forma um lago de lágrimas lá alto nas montanhas… onde eu te conheci.

 

Todos os dias te vejo irremediavelmente partir e, em almejado olhar, chegar.

Tu, em passos que até mim te trazem, por aquela azinhaga aformoseada pelos sinais da cerimónia do reencontro: a passadeira de urze-branca e trovisco, salpicada de níscaros, aqui e acolá; o balcão arborizado de aves orquestradas; os odores primaveris da transpiração alegre das flores; os colossais guardas de granito em formatura sorridente… Os majestosos castanheiros, mordomos que recebem em vénia a sua Senhora.

 

O orgulho aprisionou a humildade e nos apartou. Todavia, fraqueja a arrogância e expõem-se a simplicidade novamente à vida.

Temos que entender que as diferenças são saudáveis, as diferenças inseminam os brotos do amor…. Estou pronto!

 

Volta e traz este salvo-conduto, testemunho da minha devoção.

 

Do teu,

 

Andarilhus “(ºvº)”

XIII : VII : MMVII

 

música: Heroes del Silêncio: La Carta
publicado por ANDARILHUS às 00:58
Quarta-feira , 11 de Julho DE 2007

Requiescat in pace

http://www.contestandotupregunta.org/santuariofoto/santuario3.gif

 

 

Hoje, morres mais um dia… Hoje, sobes na pacatez da repetição à tua pira fúnebre…

 

Os sopros de ânimo que te deram vão-se aos poucos, sugados pelo desalentado cansaço.

És vítima e algoz. Com uma mão colocas a venda e amarras os pulsos, com a outra ergues a carabina decidido… Hoje, morres mais uma era.

 

Vês partir os ingredientes da tua alegria, vês mirrar as flores que perfumaram as estufas do teu pensamento. Abres a mão, que já sangra, e largas as memórias, que os anos engordaram em pesos insuportáveis.

Vês partir as imagens tuas nos espelhos de água dos tempos idos… Os moinhos em ruínas há muito.

 

Exalas, em curtos segundos, os muitos respirares que guardaste e não usaste. Para quê tanta sobriedade? Para quê tanta esperança por melhores dias para dares o teu melhor?

Olha em volta e vê o desmoronar das cores e das formas que te deram dimensão ao querer e à crença. São simples e efémeras imagens como as da televisão. Inadvertidamente e sem contemplações com consequências, desligam o botão, e fica o escuro, a treva, a verdade imutável. Tudo desfalecido e sem existência.

 

Afinal, as rosas, o sol, o céu, o chão, tu, tudo é negro. Apenas, a espaços, pintados de cor de alucinação. Erro de perspectiva; falha por distorção óptica.

Nada e vazio. Vieste da Nadalândia pelos caminhos que se foram abrindo à força da descoberta. Construíste um mundo panorâmico, revestido de fenómenos inauditos para os sentidos, alimentado por desígnios fantásticos para a razão e com uma grande e exótica montanha-russa para o coração. Sombras da tua ideia de perfeição, recortadas por tesouras chinesas nas telas do vazio.

E, periodicamente, como uma praga dos deuses, vem relampejante o dragão do apocalipse. Tanto ergueste e mais vês cair, incinerado, sem clemência e pleno de prepotência. Pedes misericórdia em vão aos senhores da política de terra queimada. Adeus folgo de agora.

 

Hoje, morres mais um dia. Deita-te na pira, cordeiro… Já te trazem a veste sacerdotal e a adaga do sacrifício… Dá-te golpe certeiro!

…para morreres sem delongas e mais rapidamente retomares existência com novos ingredientes, novas flores, novas sombras.

Talvez um dia consigas fixar as sombras para sempre!

 

Sit tibi terra levis...

 

Andarilhus “(ºvº)”

XI : VII : MMVII

música: Nick Cave: Death Is Not The End
publicado por ANDARILHUS às 17:26
Domingo , 08 de Julho DE 2007

A Esfinge

http://www.ufrgs.br/fotografia/port/apollonia/caderno06/images/Mascara%20mortuaria%20de%20Tutankamon.jpg

 

 Não me encontrei no nosso primeiro encontro.

Arrepiei ousadia, assustado à sombra do farol gigante da praia da timidez. Balbuciei palavras sem lógica, porque a lógica ardeu naquele instante tão incendiário. Não há raciocínio que se mantenha calmo perante tornado que arranca o coração ao peito, como centeio ao celeiro… E o centeio seco arde tão bem e de mansinho… nem se dá pela inflamação…

Eu sonhei… eu sonhei contigo, sonhei com aquele momento. Tudo fora sentido com eficaz antecedência. Tudo fora visto no filme do futuro…

 

E a traição? Quem a adivinhava?! Quem a podia prever?! Aquela fragilidade pueril a atrofiar, a escandalizar a calma do homem maduro! Ah vergonha!!!! Vergonha dos anos de experiência mundana sucumbida ao eterno ingénuo primeiro amor…

Encolhi-me entre as moléculas da atmosfera. Desapareci. Perante ti estava a esfinge… a máscara do protocolo…

Para além do actor, da cena e do palco, o homem lutava consigo para se libertar das teias do passado, das oxidações do presente e pelos medos das incertezas do advir.

A palavra queimava-me os lábios: era proscrita ao desejo! Raios! O beijo que não dispara, o abraço que não se faz aperto… Aquela tensão refreada pelo paninhos tépidos do pseudo bem-fazer, do pseudo bem proceder… Raios!!! Raios!!! Raras vezes ficaste tão ingrato contigo! Raiva, fúria, arrependimento sobre arrependimento!!!! Distorção em som de melodia em som de encanto…

Tão belo seria o teu engraçar, o teu mergulhar pelas ondas do querer daquele mar tão perto, daquele mar tão sereno e tão sorridente.

Talvez estivesses tão assustada como eu, talvez estivesses em cima do embarcadoiro para não molhares os pés tão cedo, como eu…

 

Mas, foi apenas um adiar! Um adiar do celeste fatal. O destino! Aquela amalgama de incerteza, fado de invisuais compulsivos e de mirones que nada enxergam.

Ah vida como és maravilhosa nas tuas surpresas!...

E se não me encontrei, comigo e contigo, naquele ponto do oceano imenso… dirigi minha barca para o momento certo – inevitável!!! – daquele lugar inscrito na sorte do mar do meu contentamento… Foi simples acertar as cartas… os astros estavam coniventes e unânimes… A rota, a minha senda estava tracejada.

“Ruma barca, que se faz tarde!”, gritei então, para mim, refeito de certezas….

 

… A vida é curta – dizem -, mas as decisões (as mais difíceis, melhor: as mais ponderáveis) são uma vida, só por si.

Morre-se ou renasce-se, de acordo com o seguimento do trajecto escolhido...

Tudo perfeitoooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

 

Andarilhus “(ºvº)”

VII : VII : (MM)VII

música: Dead Can Dance: The Lotus Eaters
publicado por ANDARILHUS às 00:15

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