Feitiços Cruéis

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“Despertar

 

Nunca foi tão breve uma vã rendição.

Nunca a palavra se encontrou tão solitária

E jamais o silêncio se ergueu tão dominante,

Arrebatando, afogando tamanha paixão

Nas lágrimas quentes da alma perdulária,

Indefesa, jazendo nesse fatal instante...

 

A esperança galopara ávida e veloz

A encosta de acesso ao abismo.

A queda imprevista estava, no entanto, anunciada,

Forjada que fora pela vontade feroz,

Que por inquieta e adversa ao comodismo

Aliou-se à precipitação até à entrega desesperada.

 

Sangraram os lábios que declararam

O desejo do coração, em brechas ferido,

Perdeu-se o pensamento na apertada confusão

Existencial, que quatro paredes delimitaram.

O destino, sabedor, de maldoso já havia sorrido

E deus, há muito alheado, não enviou a sua bênção!

 

Anseios suscitados pelo sonho puro,

De um mundo perfeito em tons de branco e dourado.

Peito aberto como uma folha de poema,

Cuja mensagem encontrou a resistência de um muro

De indiferença, friamente erguido e consagrado

Á negação de um sentimento que tinha o amor por lema...

 

MCMXCIV

J. Pópulo”

 

Andarilhus “(ºvº)”

XXVII : VIII : MMVII

música: R.E.M.: Orange Crush
publicado por ANDARILHUS às 08:10