No Vórtice da Determinação

 

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"E quando eu descobrir o segredo
Da neblina cinzenta
Que torna a água barrenta
E sem perdão me esmaga o peito..." - Xutos

 

No Vórtice da Determinação

 

Aqui, tão próximo do lugar

Onde habita a atoarda grave

Da despedida dos amantes,

Sinto o carpir das almas,

Ouço o calor do rasgar dos corpos.

 

Quero manter fantasia

Como sempre desejei tua,

Em amor transbordante

De luz prata, em eucaristia,

Na enchente do feitiço da Lua!

 

Em alvíssaras de rosas vermelhas

Sustenho a espera.

Acredito ainda poder guardar

Teu respirar sob minhas telhas.

Semeio as estrelas do engenho pela atmosfera

Para, a cada ápice de vida, te conservar

Em braços de veludo e de hera,

Em beijos, doces de mel e salgados de mar…

 

Em apertada confusão,

Lanço os votos de dedicado

Com velas de vento, pelos céus de infusão

Da manhã primaveril;

Largo as juras de enamorado

Em cascas de pinheiro, pela ribeira

De corrente servil…

 

Levo a guerra à passagem da partida

No derradeiro esforço

Para ouvir os ecos

Do teu riso e da tua ousadia,

Para encontrar em ti vontade

Em seres para mim um igual querer

De brilho da Lua resplandecente…

 

Chamo-te a despertar

Da ilusão de certezas em novelas e histórias:

Reacende o farol e regressa ao lado de lá das nuvens,

Onde te espero, há muito, alimentado por memórias…

 

E, se perdidos os votos e as juras

Por campos elísios,

Alma maior lhes dê guarida

Em porto de igual dedicação,

Em nuvem de semelhante amor.

... não me deixes só no campo de batalha...

 

Andarilhus “(º0º)”

VII : II : MMVIII

música: Heroes del Silencio: Rueda Fortuna
publicado por ANDARILHUS às 12:23