Condenado Feliz (Desfiar o castigo)
O Rochedo de Sísifo ou o Condenado Feliz
Tu jogas comigo,
Como o rato serpenteia nos bigodes do gato.
Tu levas-me às cegas pelo clarão do fogo
E dizes que está escuro… eu acredito.
Em labirinto desenhas-me a verdade da recta,
E atiras-me esferas, que pincham quadradas.
No pino do verão vestes-me mais um casaco
E dizes que está frio… eu acredito.
Mostraste-me uma mulher cálida e sensual.
Entre beijos e promessas,
Aspergiste-me com o desejo
Da flor do sal… e eu acreditei.
Trouxeste-me toda a imensidão do céu;
Tomaste-me até ao delírio da entrega;
Deste-me horas sem tempo, sem término… e eu acreditei!!
Feriste-me de paixão e, sem apelo possível,
Ceifaste a pouca vontade própria,
De minha frágil raiz.
Tens-me na mão...
E eu acreditei?!
Sim… porque sou:
Servo em senhorio autorizado;
Derrotado em vitória consentida;
Pobre em carência desejada;
Ignorante em saber dominado;
Morto em vida escolhida.
Continuo sem saber como me encantaste,
Continuo a não saber porque desvaneceste.
Continuo a acreditar?
Sim… porque sou:
…
Não… Acredito porque estou condenado a GOSTAR de TI!
Andarilhus “(º0º)”
XXVI : III : MMVIII