Saída

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Recordas-te do primeiro beijo?

Momento alvo,

Coroado entre pétalas de sol,

Tecelão do traje rubro do dia,

Mestre da manta afoita da noite.

Feitiço de onda de mar petrificada,

Estacada em praia consumada

Por fugaz e sereno vento suspiro,

Saboreado em travos de saliva doce,

Em dose de libertação de confusas

Pelejas morais, perdidas pela areia.

 

Recordas-te do que te disse?

Foi a revelação do discreto,

Sobre o rumo do errante,

Na última braçada do náufrago

Em busca da margem do renovo.

Falei-te como o demónio tentado

Na obra de deus, no termo da sede,

Algoz e incendiária da paz,

No remendo da bandeira branca

Da alma agastada, por tanto tempo

Longe de casa, apátrida do lar.

Foi a derradeira saída franca

Para o condenado do labirinto,

Da rotunda, da encruzilhada…

 

Lembro-me do primeiro beijo,

Lembro-me do que te disse!

 

E jamais me esquecerei

Ou perderei este juízo:

 

Na mais lúgubre condição,

No momento mais amargo,

Há sempre um indício

De cintilação prateada:

A saída!

 

Saí… J

 

Andarilhus “(º0º)”

XXV : VII : MMVIII

 

música: U2: Exit
publicado por ANDARILHUS às 17:28