Não te Esvaeças!

 

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Tiro aos corvos e aos abutres.

Erguem-se as cruzes e os alhos

Cravados em chuços,

Arremessados a vampiros.

Convertem-se os diletantes da morte

E as obscuridades agitadas da noite.

Cale-se o cravo de grito sombrio e agudo,

Avance a harpa dos encantamentos,

Porque

Germinam os botões das nuvens,

Um a um,

Expondo na luz do teu colo

Os prados de flores frondosos

Como florestas, entre arribas

Que desenham o vale que te percorre

Até ao paraíso.

O céu em ti,

O caminho para a salvação.

Não te esvaeças,

Há que cumprir

As promessas que desenhaste

Na terra fértil;

Há que consumar

As promessas que sonhei

Em sono reconfortante.

Não há trapo onde não leia

As tuas escrituras,

Palmo a palmo, odor a odor;

Não há lugar onde não me anuncie

Teu devoto e beato,

Teu apóstolo,

Sacrílego

Por minha fé carnal

Na deusa que reverencio.

Não te esvaeças,

Há profecias

Que só se revelam na tua existência.

Sou profeta sem dogma,

Deambulante entre Quixote e Dante,

Na sombra de moinhos e purgatórios

Espreito

Pelo teu chamamento.

Já entram as trompetas, triunfantes,

O corso segue romagem,

Descanso noutra sombra,

A da folhagem,

Espero

A reunião dos distantes.

Não te esvaeças

Não renunciemos

Às vitórias e às conquistas

Pelos lugarejos das fobias

Em prudências desmesuradas…

 

As dádivas do coração

São para se envergarem

Como túnicas de exultação,

Os afectos da cumplicidade

São para se calçarem

Com sandálias de felicidade.

 

Não te esvaeças!

Tiro aos…

 

Andarilhus “(º0º)”

XVI : X : MM

 

 

música: Dead Can Dance: Don't Fade Away
publicado por ANDARILHUS às 09:05