O Novo Génesis: I - Epístola do Amor (resgatado)
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Naqueles dias
O Homem exumou os laços inflamados,
Pingentes da luz com que obliterou,
Trespassada a grãos de areia solarenga,
A manta encardida por sebentas pragas,
Traje da maldição, capote do desgosto,
Carcereira da consciência emocional
Cerceadora do afecto incondicional.
Naqueles dias,
A paixão reergueu-se, confiante,
Desfraldou o estandarte na amurada,
Há muito fria, perdida no vazio,
Com a sofreguidão de cear
Do esfaimado, com a vontade de ver,
Do cego.
Cederam os pedregulhos do lar arrendado
Nos escoadouros da penumbra
De baba e ranho,
Incendiando-se em dourados
Tijolos, ao toque do feliz encontro…
Naqueles dias,
O bem-querer regressou à Terra
Nas asas do anjo da palavra
Esperança,
Do gesto mimado do desejo.
A génese renovada do destino,
Injectada a adrenalina na vontade
Rodada a corda do relógio do coração,
Em palpitações de liberto,
De evadido, em fuga às masmorras de tantos séculos.
Naqueles dias,
Caíram as sombras aduladoras
De imagens e santos usurpadores,
Todos varridos com as ceras e os incensos
Da liturgia acabrunhante.
Renasceram as velhas flores
Nos campanários da ermida
Para adornar o altar, na vigia da chegada
Do seu verdadeiro senhor.
Toca o sino em arrebatada alegria
Regressa do martírio errante e penitente,
O messias tão aguardado,
O bem-aventurado
… Amor!
Andarilhus
V : V : MMIX