O Paraíso Perdido (as penas do amor)

 

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Prelúdio
O Celeste Amor Banido
 
I Acto
(Soprano, Tenor)
Um grande olho espia-nos,
Encerra-nos dentro das suas pestanas,
Amaldiçoando-nos para todo o sempre,
Nossos amores proibidos….
 
(Soprano)
Eu sabia,
Sei que eras a pureza fogo e sua língua,
Inesperada fogueira, crescendo até às alvoradas da génesis.
Uma linguagem de brasas rodopiantes, um sopro sagrado
Gravitando o infinito dos ciclos, encarnação cósmica da irmandade,
A Dita das leis do Universo.
 
…Sabia,
Sei porque o ontem de agora és, o futuro que renasce onde hoje morre
Construído no teu interior uma nova norma: A luta do bem e do mal
Para viveres dentro de ti, feito perenidade,
A verdade talhada com a humilde aceitação,
A tua queda para te afundares em meus reversos,
Fundindo-te ao feitiço que te a-traiu, Perdido de amores à infinitude da minha mortalidade.
 
 II Acto
(Tenor)
(Silêncio, retrai-te! Segura tuas palavras,
Que me arruínas a essência do destruir!
Já não basta…)
…A cada madrugar
Ajeito-me sobre a cornija da lágrima,
Farrapo velame das janelas deste peito sem coração
(o coração contigo ficou)
Olho para cima, onde te procuro
Entre a luz terrível que me mostra o caminho da queda
O caminho que expira em ti…
 
…A cada acordar,
Recordo o imponente e imaculado branco
Tingir-se de sombras e as asas
De carvão…
A revolta!
Rasgadas as aparências do Éden,
Fendi os portões do Céu e trespassei a obediência e o domínio!
Estalou o Bem, destapou-se o Mal,
E para atrás o amor ficou, sem adeus,
(contigo ficou meu coração)
Rompido na fúria afiada do primordial relâmpago…
 
 III Acto
 (Tenor, Soprano)
(Afoita, serena e escuta-me,
Senão morro de mágoa na minha eternidade.
Sou o expoente da tua glória, sou a espoleta da tua perdição.
Agudizo por alumiar a verdade…)
Aqui, no circulo imperfeito,
Rodeado pelos mandamentos irados
Cercado pelo espanto do desígnio fatal.
Onde cada espécie te acusa, aumentando a lista
Das minhas iniquidades: quem é Lúcifer, eu ou tu?
 
 IV Acto
(Tenor)
(Porque me amansas, quando meu desígnio é a cólera!
É maldita a esperança, despreza-me!
Por aqui fico a forjar os meus passos incendiados…)
 
No jardim das delícias do suserano
Encontrei refúgio, ingénuo e complacente.
No Homem fundei insidiosa semente
E dele me sirvo para armar regresso
E te libertar da servidão do dogma
Tu, …, guardiã de meu coração puro
(o meu coração em ti permanece)
 
Epílogo
(Tenor)
Eu sou aquele que
Rompeu a divina cartilha
Sou aquele que fere a luz
O meu nome atiça a morte
O meu nome ressuscita o medo.
 
Eu sou apenas meia verdade,
Eu sou somente metade do tudo,
Sou o proscrito Lúcifer,
… Sem o meu coração, sem ti,
Até que vos reencontre…
 
(Coro)
Celeste amor banido…
 
Um texto “encenado”, colaborativamente, por Maria Treva & Andarilhus,
(Publicado primeiramente no Worldartfriends)
VIII : IV : MMIX

 

música: Rose of Avalanche: The Devil's Embrasse
publicado por ANDARILHUS às 22:28