Túnica de Águas Doces
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Cobria-te túnica
Cristalina, fresca
Pela fragrância
Da água transparente
Da ribeira,
Enxuta ao aroma da claridade
Diáfana e penetrante
Do crepúsculo calmo…
Assim te chegaste
Sobre o leito
Sobre mim.
Trazias a ânsia
Despida, evidente,
De afoita romeira
Penitente em sensualidade
Feminina,
Divina…
Emanavas sabor
De mel dos limos,
Mimos,
Espigados na eólica pradaria,
Florescida, madura
E dada a colher,
Entregue em braços
Para purificação
De meus infortúnios,
Por caridade
De minhas medonhas dores…
Impregnou-se a túnica
Em tua pele
Senti-te seda papel,
Acolhi o éden,
Sem pecado.
Encontrei-me alado
Aspergido
Pelo orvalho da alva,
Santificado
Pela freática alma,
Que a meu lado acordava…
Firme no alto
A estrela da aurora
Do renovo dos dias,
Cerrados os olhos
Desvendei a paisagem
À tua chegada,
Entraste, entrei,
Toquei-te, fui tocado
… No coração…
Andarilhus
XXV : VI : MMIX