Sábado , 13 de Fevereiro DE 2010

O Poço Encantado

 

http://i28.photobucket.com/albums/c214/domrs/pocodosdesejos_500x315.jpg
 
Atirei!
Caiu a moeda
No abismo fundo
Em busca de um milagre.
Porém, mergulhou abafada,
Tresmalhada.
De esperança abandonado,
Virei costas
E descrente, afastei-me,
Em passo cadente
De insistido ensaio arruinado.
Escutei ainda
Em último suspiro:
Silêncio; retomei, segui resignado…
 
Estaquei!
Atrás, do poço dos desejos,
A vibrante melodia leda
Dum “psiuuu!” sedutor
Tingiu de doce meu agre.
Reconquistei ali a fé
E na encantada lufada,
Levitei como flor de seda,
Para pousar como místico abraço
Do arco-íris ao campo lavrado.
Teria topado pote abençoado?
Teria chegado minha maré?!
Abandonei a romagem à taberna;
Abeirei-me, penitente, da cisterna…
 
Espreitei!
Acariciaste-me num olhar
Com a ternura de um beijo.
Corei
E gaguejei o perguntar:
“És Tu? És Tu a minha fortuna?”
“És Tu… És Tu o meu tesouro?”
Acenaste um mágico “Sim”.
Fiquei zonzo, confuso, indeciso
Em erguer-te para o meu mundo
Ou mergulhar contigo no poço profundo!
Em Ti, tinha o néctar perfeito
Para a sede que aí me levara.
Encontrara-te,
E, feliz, arranquei-te do meu sonho
E plantei-te no meu coração,
Amor!
 
Andarilhus
XIV : II : MMX

 

publicado por ANDARILHUS às 16:42
Segunda-feira , 08 de Fevereiro DE 2010

As Sombras que Nos Inflamam

https://1.bp.blogspot.com/_UUVCbDoe6CM/Rr0SSjpsr7I/AAAAAAAAANE/H9CNl63GrjI/s320/urubu.bmp
 
Avultava, grasnante, grou necrófago,
Confiante, repousado
Em galho de longa espera.
Entoava bruxedos
Incitando ao definhamento,
Esculpindo sarcófago,
Em lenho esconjurado.
Aves vis subjugavam a Primavera
Atrás da porta dos medos,
Adubavam o desalento
Bem fundo da alma:
… A alma desanimada.
 
Trepanaram o Céu
Em astronómica cavidade.
Invadiram-no pelo covil da traição,
Roeram os livros sagrados
Da justiça;
Estropiaram os candelabros
Do iluminismo divino;
Apagaram as estrelas
Em opressor véu.
E, em tamanha insanidade,
Emboscaram-se na força da razão,
Arremessando dúvidas a apostolados,
Cravando de cristais de cortiça
O íntimo da alma:
… A alma cruzada.
 
E a alma
Fez-se corpórea,
Reencarnando num sono manso,
Em demanda do remendo do céu,
Amputada de audição
Para o sinistro grasnar.
Arvorou-se de confortos
Entre os seus,
Abrigada, de fibras de palma
Teceu a ponte para a vitória.
Estrebuchou e de um balanço
Esfarrapou o abjecto véu
E atulhou a fossa da maldição.
Calou-se pernicioso cantar
Com o tombar de todos os grous, mortos.
Rasgaram-se as tenebrosidades
No coração da alma:
… A alma reacendida.
 
Andarilhus
IX : II : MMX

 

publicado por ANDARILHUS às 22:16

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