A Utopia que aniquila a Vida
Hoje
Entrei em mim
Decidi enfim
Visitar a basílica
Achegar
Ao senhor do lugar
E com ele
Em congregação idílica
Todos os deuses
Convocar…
Apenas queria saber
Quais pecados
Foram meus
Para sofridos desígnios
Mal-amados
Que
No inferno de sandeus
Vão Ígneos
Em constante entristecer…
Murmurei
Para a santificada
Assembleia:
Porque minha sorte
A felicidade
Sempre geia
Porque vem em corte
E a retalha, desfeiteada?
Porquê?!
Acendi a voz
Não me calei!
Porque me entregais gesta
Insistida
Com gente de sorriso de festa
Que em confiança
Me enleei
Como ovelha mansa
Convencida
Em juras e compromissos
Omissos
De seriedade… de perseverança?
Porquê?!
Incandesci a voz
Gritei!
Livrai-me do abençoado
Desdém!
A vós
Rogo
Paragem
Desta roda de infortúnio
Rompam o cós
Deste destino amaldiçoado.
Se não me quereis bem
Clemência!
Esquecei-me!
Deixai-me a sós
Para retemperar o fogo
Guiar a nefasta rodagem
Para a margem
Da agra existência
Em que nado
Com o coração atado.
E não me deixeis cair em
Resignação…
Silêncio imaculado;
Riso de divino cínico destravado:
“Isso que tu procuras não existe...”
Andarilhus
XXIX : III : MMXII