Brilha na viela da espera

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Brilha

Pela viela calejada que te conduz

À tortura dos acasos

Poupa a tua luz

Diante dos mais negros dos ocasos

Ela voltará!

Acalenta no poder da crença

Que cumprirás

Os teus mais mundanos prazeres.

E imensa

Manténs a feroz audácia

De saber esperar

Pela verdade

Retardada por trapos sujos e rotos

Pela falácia

Pelo ditame

De santos botos

Com halos de arame.

 

Brilha

Assim que te despojarem

De premeditadas companhias

Ela voltará!

Deixa então

Respirar desnudo

A tua maior preciosidade

O vento perfumado de estio

Da tua paixão;

Afaga-a

Sente-lhe os poderes

E sem temor

Adormece no seu rio

De fervor

Repousa na fé da razão

Em que cumprirás

Os teus mais elementares prazeres.

 

Guarda

Em silencioso penhor

O segredo primordial

Do teu coração;

Esconde-o das garras do gavião

Da bicada do pardal.

Todos o querem sem o querer

Em nome do bem

Chamam-no para chaga do mal.

E tu brilhas

Com saber

Distraindo quem te ilude

Correndo ao lado

De quem te rasteira amiúde

Encouraça no fado

Em que cumprirás

Os teus mais idílicos prazeres.

 

E no burlesco bailar

Manténs a feroz audácia

Em sábio esperar

Na travessia da dor

Até aos campos

Do reencontro

Para devolver

A sementeira

Do amor

Que no teu ser

A fecunda feiticeira

Fez germinar.

 

Depois de longas eras

Sabes que um dia ela voltará…

Para cumprires

Os teus mais eternos prazeres!

 

Sei onde tu estás.

 

Andarilhus

XIII : IV : MMXII

publicado por ANDARILHUS às 17:23