Leva-me Para Longe de Mim!

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Agora que navegas por minhas veias,

Agora que saltitas em meu peito,

Após aquietares minhas defesas

Após despertares as minhas lidas

Semeia raízes dentro de mim, e sente

Que em meus pensamentos te enleias;

Que em meu cuidado tens leito.

E descobre as feridas em mim presas,

E descobre as mágoas em mim retidas...              

 

E assim, na escarpa dos meus vazios,

Resgata-me do abandono,

Descrava-me da cruz solidão!

E, por um sereno instante,

Entorpece o tempo em fero sono,

Para me reencarnares no feitiço da paixão!

Puxa-me para uma existência distante,

Leva-me para longe de mim!

 

Depois de saberes as cores que dou à amizade,

Depois de tocares os meus tesouros sagrados,

Já acompanhas o ritmo do meu coração

Já estremeces com meus tremores.

Infiltra-te no meu ser, e pressente

Que em meus olhos não conto idade;

Que em meus braços há carinhos alados.

E sacia as tuas “fomes” em meu mel e pão;

Alivia os teus céus grisalhos em meus fulgores!

 

E assim, na escarpa dos meus (teus) vazios,

Resgata-me do abandono,

Descrava-me da cruz solidão!

E, por um sereno instante,

Entorpece o tempo em fero sono,

Para me reencarnares no feitiço da paixão!

Puxa-me para uma existência distante,

Leva-me para longe de mim!

 

A companhia não se procura, encontra-se…

Por um sereno instante,

Entorpece o tempo em fero sono,

E, leva-me para longe de mim!

Leva-me para longe de mim!

Jorge Pópulo

XXIV : IX : MMXX

publicado por ANDARILHUS às 21:48