Alguém, Algures... Sempre

Van Dyck: Eros e Psyche

 

Confidência

 

Onde?

Onde vou encontrar as palavras

Que te quero murmurar?

Quando?

Quando te vou insinuar

Os afectos de tantas lavras?

Como?

Como vou inspirar o carinho

Que por ti grifo com flor de linho?

 

Se a QUEM, eu sei,

Onde e quando, como, nunca timonei!...

Aguardo aquele abraço teu que me enleia,

Ostensivo, e me liberta de escudo e ameia.

 

Talvez pinte uma tempestade

Com ventos pachorrentos,

Molhados em chuva de seda,

Soltos em tela de céu

De serena majestade.

E nesses esquivos momentos

Ao tempo conceda

Um breve mausoléu.

 

Atado entre a noite e o dia…

Será lá, no crepúsculo da revolução,

Onde poderei sorrir e corar

Na trémula ousadia

De juntar as letras do fogo aluvião

E te confessar a fraqueza robusta de te amar…

 

Jorge Pópulo

XXIX : I : MMVIII

 

Andarilhus “(º0º)”

música: The Cult: DreamTime
publicado por ANDARILHUS às 15:55