URBi ET ORBI

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Carpe Diem…

O caminho tem sido longo e pejado de crescentes trabalhos.

Terá chegado a hora de repousar o pensamento e deixar o ribeiro correr suave e espontaneamente no seu curso bucólico?

Já tenho LAR, já tenho RELÓGIO. Devo agora assentar arraiais, apreciar e fruir da paz e candura que recebo dos dois SOIS que mantêm os meus dias acesos e brilhantes? A noite já não cai, baniu-se a sua presença... talvez por hoje, ou por longo tempo ou para sempre. Que a LUZ mantenha longe o crepúsculo e alimente uma aurora eterna.

Como consegui dominar o guerreiro? Como são imensas as forças que lhe reduziram a passada galopante até à placidez do repouso!

Está efectivamente finalizado o fossado, ou apenas se limpam as armas, entre dois sonos mais prolongados?

O jovem se fez homem por delongas e atribuladas buscas. Aceitou a diáspora da sua essência, enviando os seus 4 elementos em peregrinação aos 4 cantos do mundo, da VIDA. Lançou em viagem o Fogo e a Terra, primeiro, esperando os ventos propícios para revelar água e ar. Tolheram-se os intentos, mas, no regresso, cada elemento fazia-se acompanhar pelo resplendor da experiência e pelo conhecimento adquiridos.

Reúnem-se novamente os elementos e reconstrói-se o corpo em torno da alma, desperta-se o espírito para as suas funções de zelador daquela.

É agora tempo de saborear os momentos mais frugais da existência. Contemplar as pequenas coisas que tantas vezes passaram despercebidas. Degustar os néctares da água simples, servida no cálice de pedra granítica da fonte da evidência - até agora - marginalizada.

Sentir os pés tocar o solo na extensão total de cada passo, passo após passo, contado e calçado singularmente pelo tacto especial de cada movimento do andar.

Convocar os sentidos para o festim com as cores do Arco-íris, com os sons do vento bruxuleante, com o paladar do pão apurado, com o toque da terra barrenta e o odor da chuva de verão…

A competição distrai-nos, acabamos por deslocar a energia para a persecução de interesses que não são - talvez - os mais recomendáveis, para quem passa um punhado de anos por cá. E tanta coisa importante, relevante, que fica de lado e se vai acumulando para segundas, terceiras, "últimas" prioridades.

Porque somos assim, quando podemos ter o "mundo" que de facto marca com carinho a memória? Teremos, algum dia, coragem para deslocar a atenção para as coisas simples? Tirem um dia de férias de vós mesmos para admirar, com os olhos bem abertos, o outro lado da orbe…

IV VII MMVI

Andarilhus

 “(º0º)”

 

música: Interpol: Turn On The Bright Lights
publicado por ANDARILHUS às 08:29