Guarda-me em Teu Beijo
Espera-me com flores
Quando eu te visitar,
Deitada em nenúfares
De seda carmim,
Presenteia-me de amores
Em suave esvoaçar.
E sempre que eu te procurar,
Tenta me encontrar,
No encalço da tua intimidade.
Despida de cautela ou sensatez,
Abraça-me de enfeitiçado luar,
Desnuda a inocência do meu esgueirar,
Atrevido e de dissimulada timidez.
Espera-me em leito de rosas!
Chegarei a sussurrar
Trovas de bem-querer
Baixinho, bem perto, a arfar
Em tuas orelhas formosas.
Guarda-me no teu beijo,
Em baile de sensualidade,
De gestos suaves, imateriais,
Fugidios das mãos ladinas
Libertos de cansada solenidade.
Acerca-te do meu deambular
Ritual, peculiar,
E, assim próxima,
Guarda-me nos teus lábios,
Com o travo de terra e mar
De afogueado desejo,
Por ondas de doce embalar,
Por relevos de adágios.
E mesmo quando apartado,
Já cá estou, tão perto
Que não sei onde acabas tu, onde acabo eu…
Cintila a ternura com o afago a iluminar
O escuro da reserva, o negro da solidão;
Há uma luta de paz, um cativeiro aberto.
Derrubam-se muros, constroem-se pontes
Sem contar minutos, sem cansar.
Não me esperes mais,
Sou teu
Em permanente chegar.
Andarilhus
XXX : IX : MMVIII