O Novo Génesis II: A Floresta dos Encantamentos
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Imponentes
De troncos marmóreos
Sulcados de bexigas cinzentas,
Informes, com roídos troféus de cortiça,
Cravados no lombo de transeptos,
Atalaias, no vértice das colunatas de cruz;
Rígidas de altivez,
Frondosas de ceptros
Empalados de homilias
Como folhas de pergaminho
E castiçais
Como alvos pardais,
Muitas são as árvores brancas
Na floresta dos encantamentos,
Densa,
Dança,
No céu suspensa,
Trespassada, ferida pela luz
De Sol de sal
E espelhos de semelhança,
Deixados pela sombra
De soturnos viandantes,
De sandálias e manto-capuz…
A floresta levanta-se irada
Rasgando o chão, empurrando as nuvens
Quando te interpelo
E em resposta recebo, eternamente,
O não ou o senão;
A floresta arde, rendida,
Incinerando o meu Verão
Em cinzas de Inverno
Quando te peço, humilde,
E nada dás, tudo adias…
Fraquejo.
Nos seus lugares mais secretos
Deambulo, perdido,
Pelos caminhos da falha e do pecado.
Nas suas dádivas, estendo o braço,
Ainda curto,
Aos frutos da tentação.
É quando a Floresta descerra
Os portões do inferno!
E a entrada, ali tão perto…
São inúmeras as vozes
Que me encantam
Que me encadeiam,
Em perjúrio e louvor
Dividido, decidido e invertido.
Convertido ao dogma, céptico na crença.
Atravesso as passagens
Para o desconhecido,
Encontro-me para me deixar fugir
Irremediavelmente…
Aqui, neste descampado,
(exposto aos remoinhos de ventos da escolha)
Com árvores rotas, silvados de arame
E rouxinóis de palha,
Peço a desflorestação
A ruína
Do labirinto de mármore…
Esta floresta cinzenta só ganhará cor
Quando me entregares
Sem reservas ou sortilégios
… O teu amor.
Andarilhus
XX : V : MMIX