O novo génesis III: Os Salmos Apócrifos
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Onde estás,
Desde que me enfeitiçaste,
Adormecido em sono de encanto?
Voltarás? Que trarás de novo?
Que guardarás dos fascínios longínquos
Exacerbados neste, agora, triste canto?
Se te enfadares de intrusas evasões,
Das tuas insondáveis viagens,
E cuidares abrir as asas do regresso
À terra que me prometeste,
Onde me deixaste, semeado,
Sabe que
Por ti ainda espero
Em, talvez, obstinado engano.
Mas
Prescinde-me da dor,
Não me procures no reflexo cego
Da montra das tuas vitualhas,
Não me tentes moldar
Como plasticina das tuas certezas,
Das tuas sombras, da tua verdade,
Da tua aspiração cósmica…
Sabe que
No processo de envelhecimento,
As cicatrizes da experiência,
As mordidas da sorte e a coloração do acaso,
Abrem as janelas temporais para os juízos da vida.
Será este mais um julgamento do percurso?
Será este o julgamento final?
Soturnas,
As nuvens do indomável Gilgamesh
Abocanham os poucos pedaços restantes do céu
Meu,
Seco, sem renovo, inspiro o pó do caos,
Abro a arca da aliança e acerco-me
Das palavras proibidas
Dos pensamentos encerrados, soterrados.
Sabe que
Será feita decisão da tua vontade
Neste deserto ou sobre as águas temperadas.
Será sempre a hegemonia do teu reino,
O Norte do teu caminho…
Glória a ti na tua insensível convicção
Aleluia à tua magnificência em luz
Que tudo ilumina, tudo ofusca
Onde estás, afinal? Voltarás?
Ou desisto de esperar?
Revela-te na tua essência genuína!
Assim, sigo no teu estandarte, onde arvoras o meu definhar,
Depois de me teres exposto à vida…
Andarilhus
II : VI : MMIX