Trilogia I

O momento pode fixar um poema e um poema pode levitar um momento…

Não instauremos, porém, fundamentalismos e normalizações balofas, porque há momentos que, num singular instante, fazem transbordar toda a matéria que alimenta o sangue que ferve nas veias.

Quando deixei o refúgio e me libertei das teias do mofo e da inanição bolorenta, quando dependurei o olhar do topo da minha torre, lá bem no alto, fugiram pelas mãos uns quantos sentimentos – que precisavam de respirar – para se depositarem nas folhas sensíveis de um choupo negro (Populus Nigra).

É agora tempo de fazer o balanço, juntar as peças do puzzle e confrontar as pistas do enigma. Descobrem o segredo?

 

Episódio I : Último suspiro e Fé

 

Transvaze Para a Fonte do Ser

 

Eis-nos chegados a nova barragem

Deste rio que deveria correr exuberante.

Cansado dos momentos estanque,

Abafa-me a vontade do transformar:

Terei exigido demais à coragem?

Apresta-se o sangue para mais um ciclo oxidante?

Para quê o empenho em novo arranque?

Vês fuga para o esmorecer do encantar?

Abriste-me as comportas do teu mundo

Para logo retardar minha corrente

Em amordaçada obrigação de companhia,

Fui perdendo o cais da fé, da magia e da lenda…

Nas margens estreitas da felicidade me confundo

Em lesmento enganar do leito inconsciente:

Se mais banhava a praia da tua inércia, não conseguia

Dar a esta vida as águas de renovada senda.

Esforças-te agora por dar remos à barca.

Mas longa se fez a solitária espera;

Desviou o rio sua fadada rota,

Na busca da passagem para à nascente retornar.

Não o condenes ou apontes negra marca

Porque quem suspende querer, desespera

E não há alimento que chegue à lota

Do coração e do saber amar…

 J.Pópulo

MMVI : II : XIX

... tempo de ter fé...

XI VIII MMVI

Andarilhus

música: Placebo: Song to Say Goodbay
publicado por ANDARILHUS às 08:48