O Sol Invictus

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Até que desenlacem os braços do meu Sol,

Estranharei todas as sombras,

Os agouros de runas.

Combaterei as alucinações

Dos calores postiços;

Vaguearei por oásis de areia ressequida

Refrescarei no deserto de lágrimas dunas.

 

Até que do meu Sol venha o abraço do amor,

Escorraçarei os falsos messias

Não crerei nas promessas de santos idólatras

Nos odores de incenso de bolor

Das catedrais frias

De deus ou do homem;

Dormitarei na solidez das casas ruídas

Acordarei nos medos da prisão da lembrança.

 

Até que o meu Sol não seja reposto,

Ignorarei qualquer corpo estrelar

Não cingirei o sorriso no rosto

Não ensaiarei sinal de ressuscitar;

Serei cadáver para os necrófagos

Da Tristeza

Serei mar de faina para as rapinas

Da desgraça.

 

Até que o Sol, aquele Sol… O meu Sol

Se faça super-nova

Em estrebuchado resgate

Do definho no burilado negro encanto,

Incinerando as correntes de cera

Faiscando os cães de seda

Que lhe sugam as órbitas de luz

Que o tapam em obscuridades

E lentamente o esvaem de alma …

Não…

Sim, serei noite eterna de aguardar

… Sem madrugar.

 

Andarilhus

X : XI : MMX

publicado por ANDARILHUS às 08:42