https://fremosinha.files.wordpress.com/2008/07/campo.jpg
Isabela
Viu o mundo mudar.
Agora
Sento o chamado no vento,
Sem receios, avança em devoção.
Os seus olhos não têm assento,
Teimam em bailar (sem se cansar);
São pioneiros no caminho
A vencer pelo séquito do coração.
Chega-te Isabela
Para comigo cortejar
O paladar doce do sonho no seu liminar;
Agarra-me Isabela,
Para comigo entrelaçar
O afeto no seu quente limiar.
IsaBela
Viu a casa desabar.
Agora
Sente renascer a vida em efusão,
Alentada, abre-se em porta encantadora.
Espera por quem a queira cruzar
Com paixão conquistadora,
Ocupando o caminho
Onde vagueia o séquito do seu coração.
Chego-me Isabela
Para contigo cortejar
O paladar doce do sonho no seu liminar;
Agarra-te Isabela,
Para comigo entrelaçar
O afeto no seu quente limiar.
Isa Bela
Viu o Sol apagar.
Agora
Germinou em fonte de luz interior,
Graciosa, ilumina quem se aproximar,
Irradia calor nos invernos da tristeza.
Madura, fogosa,
Brilha (mais) nos ocasos do caminho
Em que guia o séquito do seu coração.
Isa - a mais - Bela
Renasceste de raiz.
Agora
(à vida) Entrega reivindicação
Por fado afortunado e feliz.
(eu) Para sustento e repouso do teu ser
Ergo estalagem no caminho
Por onde saltita o séquito do teu coração.
Chega-te!
Chega-te Isabela
Para comigo cortejar
O paladar doce do sonho no seu liminar;
Agarra-me Isabela,
Para comigo entrelaçar
O afeto no seu quente limiar.
Andarilhus
XIV : II : MMXVII
https://1.bp.blogspot.com/-ojIwN_YDeoA/VljyA1hJYnI/AAAAAAAADS4/2sfwaVIykJc/s1600/PRES%25C3%2589PIO%2B3.jpg
Senhora, diz-me em que águas
Lavas a tua áurea de frescura serena,
Como coras os rostos grisalhos da tristeza,
Em que regato carpido enxaguas as mágoas…
Diz-me, quando, assim ferida de agrura e pena,
Em que pensas, em afoita e fria destreza,
Quando o próprio pensamento
Se derriba pelos cardos da dor;
Como sossegas a aflição,
E amordaças o desgosto… diz-me…
Quero eu contigo aprender,
Para procurar uma luz,
Uma pequena luz,
Por ténue que seja
... mas persistente.
Um farol que me guie
Neste mar interminável
Em que cumpro a minha jornada;
Um brilho que me atraia
Como borboleta
Para repousante alívio...
Diz-me, Senhora,
Como posso avistar na água espelhada,
Assim, lavada áurea de frescura serena?
Com esta minha sina,
Por vezes corro
Atrás do pirilampo que me seduz.
E, por esperançados momentos,
Vejo quem me conduz,
Para logo desaparecer…
Quanto mais me aproximo
Mais se apagam
Os efémeros fulgores
Dos seus despertares.
A escuridão tropeça-me os passos,
Continuo a divagar
Sem acertar com o meu coração.
… Careço de amparo, senhora…
“Peregrino, não te deixes ofuscar
Pelos deslumbres etéreos
Das auroras boreais
Dos céus dos Homens;
Antes, atenta ao rumo puro, traçado
Pela mais singela das estrelas,
Pois é com gestos pequenos,
Feitios simples,
E condutas genuínas,
Que se lavra a minha áurea de frescura serena;
A verdade da vida… humana.
Procura a estrela, e segue-a…”
FELIZ NATAL!
Andarilhus
XXIII : XII : MMXVI
http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/85/imagens/i503799.jpg
… em continuação de http://galgacourelas.blogs.sapo.pt/por-ti-seguirei-2-15-76136
Manobraram rapidamente para aproximarem novamente as amuradas. A maioria dos capazes saltaram para o navio onde se desenrolava a contenda.
Os romanos concentravam cada vez mais efetivos no centro da refrega, enquanto os cilícios se empenhavam estoicamente em conter a maré de inimigos que assomava da recém-chegada galera, atravessando as pranchas. Zlatan liderava a contra-ofensiva, dando o exemplo. Estava de tal modo engalfinhado na liça que avançou demasiado para o interior das posições inimigas, acabando por ficar cercado, na companhia de uma mão cheia dos seus seguidores.
Ainda longe, Tongídio apercebeu-se do perigo. Chamou os seus e envolveu-se na peleja, procurando resgatar o salteador dos mares.
- Zlaton, aguenta! Estamos a chegar! – gritou-lhe.
O pirata rodou a cabeça e, apesar de acometido por vários adversários, ao ver os iberos a carregar sobre os latinos, sorriu, dando um grito de regozijo que serviu de incentivo, propagando-se pelas suas linhas.
Com as falcatas sempre cálidas pelo sangue derramado, os iberos lograram libertar Zlaton do bloqueio romano, assim como amoleceram o ímpeto ofensivo do inimigo. Tongídio guiava agora os seus guerreiros para próximo das pontes que faziam a passagem entre as galeras romanas e que permitiam a constante entrada de reforços dos itálicos.
- Espera Tongídio! Tenho uma arma mais eficaz para afastar esta praga de uniformes pomposos. Tragam as talhas de barro lacradas que estão amarradas à base do mastro. Escolhe também dois dos vossos mais hábeis na utilização da funda. Já te mostrarei qual é a minha ideia.
- Assim seja, Zlaton: irá Caturnino buscar os potes que pedes. – apontou.
Os grandes recipientes de barro chegaram célere junto à frente de combate. Logo dois iberos – pastores em tempos de paz – muniram as fundas e aguardaram por ordens.
- Os potes têm uma surpresa espinhosa para os romanos. Quem tiver o braço forte deve-os lançar para a galera de lá. Quando estiverem ainda no ar, à altura dos ombros do inimigo, os fundibulários fazem-lhe pontaria. Entretanto, vamos fazer uma investida fulgurosa para provocar o recuo dos romanos. Atrás de nós, aproximem-se o que vos for possível, para executar o plano.
Um lusitano e um kaledónio foram incumbidos do arremesso. Assim que conseguida uma boa posição, uma após outra, 4 talhas foram lançadas e prontamente apedrejadas pelos exímios braços que giraram as fundas.
Executadas as ordens de Zlaton, não perceberam de imediato o que se passava na trirreme romana contígua. Apenas observavam algo parecido com uma nébula semelhante à do fumo, pendente sobre uma extensão do convés onde os legionários gesticulavam muito e movimentavam-se desordenadamente, acabando por abandonar a formatura em correria, para mergulhar no mar. A situação acabou por alastrar a toda a galera.
- Vamos recuar, são vespas africanas! Centenas delas! Os ferrões são como pequenos dardos, e estas estão bastante assanhadas, desde que foram fechadas nos potes de barro! – Riu-se Zlaton, descortinando o mistério da arma secreta.
A risada generalizou-se entre os combatentes iberos e cilícios enquanto aceleravam o passo de regresso à sua embarcação, aproveitando a desorganização lançada nas fileiras romanas.
Com todos a bordo, o barco dos marinheiros piratas afastou-se na direção de Cartago.
Restabelecida a calma, amparados os feridos e recuperados os maus tratos no equipamento, Zlaton deu ordens para se avançar com a preparação de refeição.
O tempo cobria-se de manto frio. Levantaram uma tenda junto ao mastro da embarcação, acenderam os fogareiros de bronze, e logo começou a correria dos cozinheiros ao porão dos aprovisionamentos.
As brasas atiçadas mordiscavam peixe, carne ou outros alimentos aparelhados sobre as grelhas. Uma pedra mantida ruborescida no calor da fornalha cozia a massa, transformando-a num pão liso, tostado e crocante. A mistura de condimentos exóticos adoçava ainda mais os intensos aromas, atiçando os sentidos e os estômagos esfaimados.
Em duas filas, os mais ilustres sentaram-se frente a frente, no tombadilho e sob a tenda. As taças com as iguarias iam circulando de mão em mão, assim como a bebida. Afagadas as fraquezas físicas, relaxavam os espíritos e a conversa avançava cada vez mais fácil, difusa e alegre.
No extremo oposto aos dos líderes, a ansiedade e a tremura dominavam Aleutério. Para ele, sobre aquele mar imenso, nada mais havia; nem barco, nem o enxame de indivíduos que, por força dos acontecimentos, se apinhavam dentro daquele casco sobrelotado. Zlaton era como uma visão hipnotizadora. Só os dois coexistiam naquele espaço, mas por múltiplos hiatos temporais, que corriam rápidos, entre o passado e o presente, na sua mente.
- O que se passa com o ancião, que me amarra sofregamente com o olhar?! Tem-me algum azar ou outro tipo de fel? Terei executado alguém que lhe era especialmente querido?
- Pelo contrário Zlaton, aquele homem tem algo para esclarecer contigo, e foi o verdadeiro motivo que nos fez voltar à liça com os romanos e lutar ao vosso lado. Deves ouvi-lo, porque esse parece ser o pronuncio dos deuses. – respondeu Tongídio.
O chefe cilício franziu o sobrolho, assentiu com a cabeça e apontou: - Tu, homem vetusto, vem sentar-te aqui ao meu lado. Quero escutar a sabedoria com que os anos te favoreceram. Zila levanta-te e troca de lugar com ele!
O pobre Aleutério estremeceu, despertando para o ambiente que o rodeava. Periclitante, com passos curtos, dirigiu-se e arrumou-se no lugar indicado. Leuko seguiu-o e aninhou-se atrás das suas costas.
Rubínia quebrou o gelo: - Apesar de viverem algo apartados da comunidade do nosso povoado, Aleutério e Leuko foram vaticinados pela graça da nossa deidade, Trebaruna, para que nos acompanhassem na missão que recebemos. Nada o fazia prever, mas o destino é-nos comum. Pouco ou nada sabíamos deste homem, que um dia apareceu junto aos nossos muros, sempre foi tido como alienado e, assim, respeitado no seu isolamento. Só recentemente, no decurso desta jornada, é que soubemos mais sobre o seu passado. Julgo que será esta a razão da sua eleição divina para o grupo e a obstinação por ti, Zlaton. Mas, ele o dirá…
Andarilhus
II : XII : MMXVI
http://www.projetopassofundo.com.br/fotos/grande/i576_20090116_205259.jpg
É incomensurável o AMOR que por ti sinto
No abrigo do CARINHO, na redoma da AFEIÇÃO
No maior CUIDADO e ATENÇÃO do meu ser
Em ESCUTA ATIVA, como servente do ZELO
Que por ti se alimenta no fogo da PAIXÃO,
Na frescura pura do tão BEM te QUERER
Iluminado na maior das AMIZADES,
Que encontra na TERNURA o descanso aveludado
A ti dedicada, no prumo da minha HONRA,
Calibrada no CARÁTER, no gume da VERDADE…
Com FRANQUEZA te afirmo o REGOJIZO,
De te poder acompanhar nas cambiantes da vida,
Na ALEGRIA e na TRISTEZA, no RISO ou no PRANTO,
Tamanha a FELICIDADE de te ter por DÁDIVA,
E semear em ti o ABRAÇO e colher o teu BEIJO,
Mesmo que em profano DESEJO,
Consagrar contigo, em SENSUALIDADE,
A FUSÃO dos espíritos, a INTIMIDADE dos corpos.
Entre nós, a absoluta CONFIANÇA, o desnorte dos segredos,
Remidos nos laços da CUMPLICIDADE, na ENTREGA
Da CONFIDÊNCIA, por campos do SORRISO,
Por ledas canduras do concílio da nossa FAMILIA.
Vedo os olhos na CERTEZA de enxergar o quanto te quero,
Na CRENÇA do quanto te venero,
Neste COMPANHEIRISMO que te ESPERA sempre
No refúgio da SEGURANÇA e da DEDICAÇÃO.
Pela tenacidade da CONSTÂNCIA, partilho contigo
Com GRACIOSIDADE, a GENEROSIDADE, da ubíqua PRESENÇA
Pelos caminhos da FANTASIA e da REALIDADE,
Pelo mundo do LABOR e da espontânea BRINCADEIRA
De dois corações,
É contigo que eu partilho o ANELO do FADO abençoado!
Tu és muito, sobre o incompleto que eu sou,
E assim me preenches no todo que me equilibra,
Na luz que de ti emANA! :-)
Tens o meu coração, tens o meu espírito, cuida-os…
Andarilhus
XII:V:MMXVI
https://1.bp.blogspot.com/-Nld3P1wDtzY/TgFgsPL_tkI/AAAAAAAAaGc/Lj4FemN9OPs/s1600/celtas.jpg
[ou o enaltecer das graças recebidas das deidades acolhedoras]
Às deidades da Vida e do Bem
Que me suturaram os pés de errante e penitente
E me desviaram do barranco que desaba até ao poço das diferentes mortes;
Às energias que me desgarraram do chão da derrota e
que me instaram a resistir,
Arvorando-se em paladinos meus, nas pelejas com as forças demoníacas do Mal;
Às luzes que me arrancaram à cegueira da noite em obscura dor,
E me conduziram por veredas de esperança, tenacidade e resiliência;
A minha gratidão em devoção!
Pela dádiva maravilhosa recebida;
Pela causa resgatada ao Impossível;
Pelo patrocínio em defesa do padecimento sofrido e
no compromisso de regeneração;
A minha gratidão em devoção!
Por encontrar transcendente escuta que atendeu ao lamento do coração aflito;
Por descobrir mar de bonança e porto de abrigo para este batel despedaçado;
Por granjear defesa de braço firme e atento que me escudou dos golpes fatais;
Por partilhar companhia de valedor puro que me orientou na direção correta,
nos momentos cruciais.
A minha gratidão em devoção!
Pela dádiva do carinho e do conforto com que aliviaram a minha angústia,
Com que acolheram as minhas lágrimas no seu regaço,
E me deram conselho sincero e renovadas forças;
Pela dádiva da abençoada oportunidade de reunir os espíritos dialéticos
nos mais belos sentimentos, no Universo…
A minha gratidão em devoção!
Louvo humildemente o enternecer e o cuidado que depositaram no resgaste deste ser.
Com alegria,
Obrigo-me a concretizar a minha palavra, obrigo-me a saldar as minha promessas,
na forma e do modo como me empenhei perante vós, deidades.
E, no fulcro do compromisso,
Recebo a minha missão DEDICADAMENTE,
com toda a minha GRATIDÃO em DEVOÇÃO!
Andarilhus
XVI:III:MMXVI
http://construir.daysesene.com/files/2013/03/385183_598754130141840_639940328_n.jpg
Flor Enamorada,
Vida Perfumada!
Andarilhus
XXII : II : MMXVI
http://www.vip.pt/sites/default/files/styles/slider/public/images/noticia/2016/2016-01/2016-01-26/vip-pt-18189-noticia-marlene-barreto-ha-vida-depois-da-morte.jpg?itok=MgtH3tBb
(O renovo de cada dia vindouro)
Vem até mim, amor,
Esgueira-te por gesta e lavra
Do coração em tanto sentir,
Esgueira-te por entre tormentas e reveses
Panaceia dor; repreende a palavra
De cada vivência mal colhida.
Apenas fardeis felizes traz no teu fugir
E os desejos de promissora vida.
Livra-te de tristeza, receio ou penhor,
De estrelas paridas nas oficinas da léria
E, sem distrações, segue os dedais
Que pelo carreiro enfileirei,
(Com carinho te o ilumino até mim)
Pois eu
Desejo beijar-te com fervor
Sob visco e azevinho
Anseio abraçar-te
Em grinalda de fino linho…
Em cada eu
Há uma multiplicidade tua;
Em cada gesto meu
Há mimica da carícia no rosto teu.
Tenho um mundo erguido
No querer-te por Sol e Lua,
Como dedicado esposo,
Como dileto amigo;
Tenho um firmamento escorado
No querer-te agasalhar em ternura
Por noite e dia,
Como abnegado confidente
Como incondicional companheiro.
Não te esqueças…
Sem distrações, segue os dedais
Que pelo carreiro enfileirei,
(Com carinho te o ilumino até mim)
Pois eu
Desejo beijar-te com fervor
Sob visco e azevinho
Anseio abraçar-te
Em grinalda de fino linho…
E tu, mulher querida,
Que com a tua própria dor
Expiaste este espírito tresmalhado
Brandindo a revolução e o condão
De me fisgares para a tona
Onde pude reapreciar a vida,
Onde pude resolver renascer…
Por muito que me deste
Não deixo de rogar
Por tua atenção, por tua bondade,
…Por teu amor,
Para que me sigas acompanhando
No renovo a cada dia vindouro,
No ensejo de ressuscitar
A cada dia, contigo… sem morrer!
Por isso, não te esqueças…
Livra-te de tristeza, receio ou penhor,
De estrelas paridas nas oficinas da léria
E, sem distrações, segue os dedais
Que pelo carreiro enfileirei,
(Com carinho te o ilumino até mim)
Pois eu
Desejo beijar-te com fervor
Sob visco e azevinho
Anseio abraçar-te
Em grinalda de fino linho…
(Escuta)
Andarilhus
IV:II:MMXVI
https://1.bp.blogspot.com/-uyFnr39Ebkk/TV43u2EW4RI/AAAAAAAAALQ/yD6pnFoNHzw/s1600/Nosso+amor++preto+ebranco.jpg
Em todos os sonhos
Há despertares para anelos tangíveis;
Em todas as casas
Há portas que se abrem para o Lar;
Em todos os jardins
Há canteiros com fragâncias de paraíso;
Em todos os corações
Há artérias sublimes onde flui o afeto;
Em todos os gestos nobres
Há jeitos de humilde graciosidade;
Em todo o conhecimento
Há reflexos de saber emocional;
Em todas as vidas
Há momentos de sabor a imortalidade;
Em todas as experiências
Há instantes que confrontam a perfeição;
Em todo o bem-querer
Há inebriados arrebatamentos de amor;
Em todas as pessoas
Há sinais da essência do SER Humano.
(Do que estás à espera?) Sê!
Andarilhus
XVIII : I : MMXVI
http://fotos.sapo.pt/cGJu2lzecQzwKJIfrFTZ/
Seguimos a Luz e já estamos próximos.
Renova-se o ciclo.
Entra o Inverno
E já aparece a primeira semente que trará a Primavera…
O renovo, a redenção.
E seremos nós capazes de suster o renascer (da esperança)?
Persistente?… Para sempre, é muito tempo
Para o tempo – virtude da perseverança – humano.
Sejamos honestos:
Vivamos como criação que o criador
Apenas conseguiu aperfeiçoar
E dediquemos cuidado, atenção, carinho
A todos aqueles que abraçamos com amor e amizade;
No nosso tempo peculiar
Façamos felizes aqueles com quem partilhamos afetos.
E se o divino não é perfeito, também não o devemos exigir
À criação inacabada
Então,
Sejamos apenas honestos
E por um sussurro do tempo desta existência incompleta
Façamos também os desconhecidos felizes:
Um sorriso, um cumprimento
Um gesto de alento
E talvez alguém recupere semelhante intento
De vontade de sorrir, de cumprimentar,
De animar
O próximo…
Nem que seja por um curto momento,
Ajudemos o criador a afeiçoar a humana criatura.
Feliz Natal!
Andarilhus
XXIII : XII : MMXV
https://1.bp.blogspot.com/_rWfI0KF2slo/SONgsluJVUI/AAAAAAAAAcE/JRW2l-9kCSI/s320/ca1e5e4d10.jpg
Com o cisma provocado pela cisma da lida
Os que muito se amavam
Abriram brecha crescente entre si
Preenchida por um mar negro
De cardumes de fúrias e culpas.
Murcharam as flores da partilha e do querer,
Agitaram-se tempestuosas as águas turbas
Até que Neptuno domou o mar das lamúrias.
E foi então
Que começaram a lançar amarras, a construir pontes entre si,
Entre as opostas margens.
Aos poucos, regressou o diálogo e a partilha, até ao encontro
Bem no centro da ponte mais bela e robusta,
A ponte que firmava tenazmente as duas orlas.
Faltava um derradeiro passo, mas ele disse-lhe:
- “Vamos derrubar as pontes e cortar as amarras!”
Estranho pedido, que tudo parecia deitar a perder,
E ela, com pasmo triste, mais não soube dizer:
- “Se assim o queres…”.
Sorriu, então, o tolo enamorado: - “Quero e quero muito!
Desfazemos as ligações desnecessárias pois vamos encostar as margens!
Unimos as terras, e muito juntinhos, em cumplicidade e carinho,
Trocamos sementes e brisas,
Que farão renascer as flores do nosso amor!”
Ela suspirou com os olhos a brilhar,
Onde refletia já um belo jardim, perfumado e radioso,
O seu Lar, onde se amavam e, em ternura,
Educavam e brincavam com os filhos.
Acabara-se o cisma, jamais murchariam as flores…
Andarilhus
VIII : X : MMXV
Quando as adversidades assomam,
Por mais sofrimento que acresça,
Não nos conformamos,
Não nos rendemos à fatalidade.
Nem que de pedra se faça a boia
Para nos mantermos à tona
Nas águas do desespero e da tristeza;
Nem que de chumbo se façam as penas das asas
Para nos mantermos a pairar
Nos pântanos da desilusão e do desânimo;
Nem que de papel de seda se faça a corda
Para nos mantermos suspensos
Nas crateras vulcânicas da aflição e da mágoa.
Insurgimo-nos contra as agruras!
Quando os grandes infortúnios assomam,
Somos, realisticamente, colocados à prova
E é então que mostramos o nosso genuíno caráter,
E descobrimos o quanto não nos conhecíamos,
(Apenas presumíamos, até então).
Muitas vezes, de uma Má experiência,
Muitas vivências, das nossas múltiplas dimensões,
Transformam-se em BEM,
E a nossa vida muda radicalmente… para Melhor,
Uma melhor pessoa, um melhor individuo!
Andarilhus
V : X : MMXV
https://1.bp.blogspot.com/-2VzVU-POk0E/T-8M5BWCBSI/AAAAAAAAAfE/GB9dLV4uHHU/s1600/babel.jpg
Desmoronam-se as certezas
Sobre quem somos,
Afinal pode existir Deus,
Afinal esvoaçam anjos à solta,
Para nos darem algum conforto
Nas nossas inexistências
Ou a Luz como um sonho para os nosso tapados olhos,
Ou o movimento de vida para as nossas apagadas mentes,
Preenchemos os dias como sonâmbulos
Inebriados pelo sopro da compaixão lamentada dos divinos…
Afinal forjaram-nos imperfeitos,
Somos peças com defeitos,
Algures, na criação,
Perdemos a universal dimensão
Da pureza do sagrado.
E por isso te digo:
Se eu pudesse enviar-te o meu coração
E te fosse possível escutá-lo diretamente,
Sem a tradução da razão,
(Minha e tua)
Instintivamente compreenderias
O quanto (confirmei que) te amo!
E Deus, antes de nos recolher e refazer,
Mantêm-nos em mundos suficientes
Onde adormecemos sem percebermos,
Onde se disfarçam as fraquezas…
Todavia,
Na sua infinita omnisciência
Permite aos não acomodados
A decisão de despertar do sonho induzido.
E assim decididos
Abalados até às convicções primordiais,
Enterra-se o oásis, emerge o deserto,
Até que um dia, mais cedo ou mais tarde,
Sofremos duramente com a verdade:
Encarar a realidade sem o afago do Criador
É uma brutal crueza!
Desde o chão árido
Reconstruo a minha torre
Com a ternura da memória
Do teu sorriso, do teu abraço,
Do teu beijo, da tua doçura e carinho,
Do teu amor…
Por isso te digo:
Se eu pudesse enviar-te o meu coração
E te fosse possível escutá-lo diretamente,
Sem a tradução da razão,
(Minha e tua)
Instintivamente compreenderias
O quanto (confirmei que) te amo!
Seria, talvez, mais fácil pedir a Deus
Que me voltasse a adormecer
Descuidar o meu olhar nos oásis aparentes,
Mas não me rendo às forças que te oprimem,
Sigo a caiar de alvura a minha torre
Para que te sirva de farol
Por entre as águas revoltas do diluvio!
E a Deus
Peço-lhe que te desperte a ti
E assim te possa dizer:
Se eu pudesse enviar-te o meu coração
E te fosse possível escutá-lo diretamente,
Sem a tradução da razão,
(Minha e tua)
Instintivamente compreenderias
O quanto (confirmei que) te amo!
I : X : MMXV
Andarilhus
http://www.taringa.net/posts/arte/14567016/Contigo-poema-Propio.html
Posso estar faminto e sedento,
E estar desprotegido sob a borrasca,
Posso deixar a zona de conforto
E arriscar no desconhecido,
Posso ter um destino atribulado
E uma vida de fraco prenúncio,
Posso perder e encontrar a fé
E ser ostracizado pelos poderes,
Posso perder os agasalhos,
Ficar descalço,
Mas
… Se estiver contigo, está perfeito!
Andarilhus
XXX : IX : MMXV
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/27/Codex_Gigas_devil.jpg
Quando os diabos se atravessam na tua vida,
Deus já deixou atrás,
Nos teus dias,
As forças para os combater.
Tens de perceber os sinais.
Fica alerta e não te deixes esmorecer,
Pois
Mesmo que tenhas de fraternizar com o diabo
Para resgatares o teu anjo,
Assim o farás com coragem e determinação
Porque esse é o verdadeiro amor.
E mesmo quando tudo parece perdido,
O teu coração agiganta-se
Rompendo com o encantamento ilusório e sedutor
Do diabo
Porque esse é o verdadeiro amor.
Nunca desistas e no limite,
Abre tu a porta do inferno,
Arrasta contigo o diabo para as chamas
E salva o anjo
Porque esse é o verdadeiro amor.
Regressem ao inferno, diabos!
Andarilhus
XXV : IX : MMXV
http://www.enviealegria.com.br/mensagens/beth/images/maos_dadas1.gif
Tu estás retraída, magoada,
Cautelosa,
Atrás da barricada…
Tu estás hesitante, desordenada
Com a mão no botão do perdão
Atrás da lágrima baralhada.
Mas,
Tu não estás só!
Recebe o abraço
Desatilha o respirar do nó
Deixa-te cair no meu regaço
E descansa… adormece em tom sereno
(Finalmente),
Sorri na entrada para o sonho ameno
Porque ele não terminará com o despertar.
Tu estás apreensiva, insegura,
Receosa,
Atrás do sentido da maternidade…
Tu estás alegre e ansiosa,
Com a mão no botão da confiança,
Atrás da lágrima da esperança.
E todavia,
Tu não estás só!
Recebe o abraço
Partilha a dor do parto
Deixa-te cair no meu cuidado
E descansa… adormece em tom sereno
(Finalmente),
Sorri na entrada para o sonho ameno
Porque ele não terminará com o despertar.
E eu estarei lá e sempre,
Porque o meu espírito
Guia-se pelo teu,
Mesmo pelos mais lúgubres,
Amargos e escuros
Troços que também compõem a existência.
A culpa não é minha, não é tua;
É da ilusão, da desilusão,
Perante os padrões de vida que se impõem.
Esqueçamo-los,
Vamos ser só nós…
Pulsa os botões!
Andarilhus
XXII : IX : MMXV
https://sonhosemmosaico.files.wordpress.com/2012/07/tempo-e-estrada.jpg
Temos um tempo de sabedoria,
Mas também um tempo de imbecilidades
Temos um tempo de luz,
Mas também um tempo de obscuridades
Temos um tempo de oportunidade,
Mas também um tempo de letargias
Temos um tempo de conquista,
Mas também um tempo de derrotas
Temos um tempo de alegria,
Mas também um tempo de desgostos
Temos um tempo de euforia,
Mas também um tempo de silêncios
Temos um tempo de amizade,
Mas também um tempo de confrontos
Temos um tempo de Amor,
Mas também um tempo de aversão.
E contudo,
Temos sempre a escolha
Para determinar
Um tempo que detenha os tempos a tempo,
Um tempo que ganhe tempo
Um tempo de desandar no tempo
Um tempo de arrepiar caminho,
Para (em conjunto)
Corrigir
E alinhar com o acerto,
Pedir desculpa
E perdoar,
Renovar os votos
E soltar o sentimento abafado,
Serenar a dor
E aceitar o curativo para o pesar,
Abrir o cordel das amarguras
E deixar empurrar as angústias para longe,
Ter a coragem da humildade
E reconhecer o humilde,
Olhar nos olhos
E abrir os olhos para esse olhar,
Dar a mão
E segurá-la, juntando o abraço,
Beijar
E retribuir o selo da paz,
Retomar o caminho,
E acompanhar a seu lado,
Relançar a vida
E colocar o seu tempo à disposição dessa vida…
Andarilhus
XV : IX : MMXV
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No seguimento de: http://galgacourelas.blogs.sapo.pt/11199.html
Dos anjos e dos espíritos.
Se atendermos que há algo em nós que ultrapassa a nossa constituição física e que nos permite ter reflexões filosóficas sobre a vida e o seu sentido. Se, através da mente, conseguimos viajar no passado e projetarmo-nos no futuro, no tempo e no espaço. Se, no Universo, para a nossa dimensão, é avassaladoramente incomensurável o desconhecido face ao conhecimento. Se, para além das charlatanices – que também existem – por vezes somos confrontados com situações e episódios que a razão não compreende dentro das fronteiras das suas capacidades, e que são mais apercebidas por sensações emocionais e sentidos. Por tudo isto (e mais que agora não elenco) é natural aceitarmos – pelo menos como pensamento ou tese – que esse algo “especial” em nós poderá ser persistente, não perecível, e que pode continuar a existir após o colapso do nosso corpo.
O que lhe chamar? Uns designam de espírito, outros de alma, outros (mesmo que não se apercebam) - parece-me – de ANJO.
Os anjos, ou a nossa permanente existência metafísica, será o espírito a quem é confiada uma missão. Ou seja, os anjos são os seres imateriais em constante evolução por purificação. Para esta construção de pureza e acumulação progressiva da perfeição no BEM, recebem missões de guarda, auxilio, acompanhamento dos seres imateriais encorpados em pessoas, que por sua vez, se encontram também numa vida terrena como etapa para a sua transcendência no BEM. Assim, os anjos e os espíritos, em dialética de partilha, entreajudam-se nesta aprendizagem, neste crescimento, tendo de passar por formas corpóreas consecutivas, até que atingem fases em que, com a purificação crescente, se libertam da exigência física, permanecendo continuadamente numa existência espiritual, de luz, energia.
Este processo de melhoria e purificação acontece através da atribuição de provas, de trabalhos, aos espíritos. Devem ultrapassá-los neste mundo, dentro das circunstâncias de cada instância humana que assumem. Não se trata apenas da atribuição de um corpo; é-lhes também endossado um contexto e um caminho de vida, onde se cruzam com outros espíritos e anjos.
Avento também que o anjo não se limita a vir em auxílio a outro espírito/anjo. Ele próprio é colocado à prova, tendo de demonstrar a sua capacidade, a sua entrega e o amor que assume no desempenho desse apoio, desse companheirismo. O seu cuidado em prol do outro mostra até que ponto está disponível, está disposto a entender, a perdoar, a ajudar a corrigir, a sofrer quando é de sofrer a rir quando é de alegrar… Ser anjo é, portanto, também uma condição de exame, de aprendizagem, de crescimento no mundo espiritual.
Se, nas versões clássicas, se diz que o anjo vem para zelar pelo Homem (no seguimento destas ideias: Homem = espírito numa forma física humana), acrescento a dialética de que o Homem está cá para o anjo exercer a sua natureza e evoluir na sua essência.
O anjo não tem de ser invisível ou possuir aquela imagem tradicional da túnica, semblante nórdico e asas. Pelo contrário, o anjo, tal como os demais espíritos encorpados, tem também uma presença terrena, sendo uma pessoa comum entre os demais. É pelas ações e pelo compromisso que se distingue. Poderá ele próprio não saber que é anjo ou que tem a seu cargo acompanhar um semelhante. De todo o modo, se vigia ou guarda um ser, fá-lo por natureza e não por consciência. Mesmo ignorando-o, tem uma missão entranhada dentro de si, a qual levará avante de forma espontânea. É o amigo incondicional e sempre presente.
E é aqui que me vejo contigo. Tu és o meu anjo. O anjo que foi designado para me ajudar aprender e evoluir na minha condição de ser imaterial. Acredito, também, que esta relação é dialética, e eu serei a entidade indicada para te acompanhar e auxiliar a enfrentares, a passares e a superares as tuas provas.
Sinto também, que esta interação entre espíritos/anjos não se concretiza numa só vida corpórea. Por isso, quando te conheci há já bastantes anos, tive - e julgo que te referi isso, oportunamente – a sensação de já te conhecer de outras “andanças”.
Sinto que tu és o meu anjo dialético e que, queiramos ou não, vamos ainda passar por mais existência(s) juntos, porque fomos incumbidos de sermos o apoio mútuo, os companheiros sem idade, a equipa unida para transpormos as provas que nos vão colocando.
Se for este o meu desígnio, a minha missão, é uma honra transcendente ser o teu anjo/espírito de companhia.
Andarilhus
XIV : IX : MMXV
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Desconjuntados os ossos
Em músculos laxados,
Mantidos em movimento
Ao som dos cacos do coração
Conduzidos pela alma trilhada,
Desci a escada,
Ainda mais para baixo.
Despedi-me do acreditar,
Despedi-me de ti
Sem esperança.
Guinei para a saída,
Mas, por esquecimento,
Regressei
(onde te deixei)
Para galgar a escada até ao topo
E topei-te a ti.
Abraçaste-me
Com vontade,
Apertada, com os corações a tocarem-se
Num abraço interior, só seu.
Uniram-se os ossos,
Alinharam-se os músculos
Ao som do pranto doce do coração
Na parada da alma reanimada.
Queria assim envelhecer!
Despedi-me da saída,
Despedi-me do desalento,
Agarrei-me a ti
Com todas as forças
Como despenhado em abismo.
Galguei a fuga até ao topo,
Arrisquei olhar:
(não era alucinação)
Continuei a te topar!
Mais acreditei;
Beijei-te
Com o desejo da saudade
Tocaram-se os lábios, num beijo íntimo,
Só seu.
Soldaram-se os ossos,
Avivaram-se os músculos
Ao som do musicar melódico do coração
Sob a batuta da alma radiante.
Como a vida pode renascer
Num só abraço…
Andarilhus
XI : IX : MMXV