A Torre
https://1.bp.blogspot.com/-2VzVU-POk0E/T-8M5BWCBSI/AAAAAAAAAfE/GB9dLV4uHHU/s1600/babel.jpg
Desmoronam-se as certezas
Sobre quem somos,
Afinal pode existir Deus,
Afinal esvoaçam anjos à solta,
Para nos darem algum conforto
Nas nossas inexistências
Ou a Luz como um sonho para os nosso tapados olhos,
Ou o movimento de vida para as nossas apagadas mentes,
Preenchemos os dias como sonâmbulos
Inebriados pelo sopro da compaixão lamentada dos divinos…
Afinal forjaram-nos imperfeitos,
Somos peças com defeitos,
Algures, na criação,
Perdemos a universal dimensão
Da pureza do sagrado.
E por isso te digo:
Se eu pudesse enviar-te o meu coração
E te fosse possível escutá-lo diretamente,
Sem a tradução da razão,
(Minha e tua)
Instintivamente compreenderias
O quanto (confirmei que) te amo!
E Deus, antes de nos recolher e refazer,
Mantêm-nos em mundos suficientes
Onde adormecemos sem percebermos,
Onde se disfarçam as fraquezas…
Todavia,
Na sua infinita omnisciência
Permite aos não acomodados
A decisão de despertar do sonho induzido.
E assim decididos
Abalados até às convicções primordiais,
Enterra-se o oásis, emerge o deserto,
Até que um dia, mais cedo ou mais tarde,
Sofremos duramente com a verdade:
Encarar a realidade sem o afago do Criador
É uma brutal crueza!
Desde o chão árido
Reconstruo a minha torre
Com a ternura da memória
Do teu sorriso, do teu abraço,
Do teu beijo, da tua doçura e carinho,
Do teu amor…
Por isso te digo:
Se eu pudesse enviar-te o meu coração
E te fosse possível escutá-lo diretamente,
Sem a tradução da razão,
(Minha e tua)
Instintivamente compreenderias
O quanto (confirmei que) te amo!
Seria, talvez, mais fácil pedir a Deus
Que me voltasse a adormecer
Descuidar o meu olhar nos oásis aparentes,
Mas não me rendo às forças que te oprimem,
Sigo a caiar de alvura a minha torre
Para que te sirva de farol
Por entre as águas revoltas do diluvio!
E a Deus
Peço-lhe que te desperte a ti
E assim te possa dizer:
Se eu pudesse enviar-te o meu coração
E te fosse possível escutá-lo diretamente,
Sem a tradução da razão,
(Minha e tua)
Instintivamente compreenderias
O quanto (confirmei que) te amo!
I : X : MMXV
Andarilhus