Completude
Quando estou contigo
Sinto-me inteiro, alado.
Em ti, são em mim
Superadas as faltas, as falhas,
As incongruências, o vazio,
As páginas grisalhas
Do meu ser inacabado.
Quando estou contigo,
Enfuno o olhar no gáudio do vento,
Impregno o sorriso na exultação;
Quando te sinto comigo
Reacendo o alento,
Para me erguer diante do perigo,
Para avançar na escuridão.
Quando te sinto por perto,
Célere me abeiro,
E em ti
Recentro o meu mundo incerto,
Abrando o pensamento forasteiro.
Porém,
As minhas sombras devo enxotar
E, assim nítido, me possas avistar
Além do muro que te cerca,
Que nos separa entre cismas escusadas.
E, enquanto, rondo a tua cidadela
Para topar aberta
E a ti chegar,
Mitiga o meu desfalecer,
E, entre as pedras amontoadas
Desvenda porta de guarida
Por onde possa atravessar
Ao encontro
Da tua existência, tão querida.
Mantenho, a cada dia,
A resiliência do peregrino
Na demanda da minha “fé”;
Mantenho, enfim,
A esperança do menino
Que resta em mim
E supera, tenaz, cada agitada maré
Mesmo que com barcos de papel fantasia.
E nem que seja um sonho
Ou mera melancolia,
Entende
Que quando te sinto por perto
[ardentemente]
Quero estar contigo!…
(E tu comigo)
Andarilhus
XIII : V : MMXV