Fátima, a MÃE

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As mãos de cardo

Sulcadas pela chusma de gretas

Das árduas fainas,

Ante o sofrimento dos entes queridos,

Aveludam,

Esmeradas em carinhos,

Tão macias como beijos;

Os tons da voz rouca e grave

Dos desassossegos e cuidados,

Ante o sofrimento dos entes queridos,

Sussurram,

Doces de amparo e mimos,

Tão serenos como melodias.

 

Aqui está

A Mãe dos irmãos

(Na forçada míngua do cuidado matricial);

A Mãe dos filhos

(Que germinou e fez espigar);

A Mãe das suas mães

(Dependentes de retribuição maternal);

A Mãe dos vizinhos

(Carentes de atenção solidária);

A Mãe do seu consorte

(Cuidadora em todas as dimensões do amor);

Aquela que sempre foi Mãe no estio e no inverno

Da vida de tantos quantos sorriram com os seus encantos.

 

Os gestos da labuta dura

De arremesso e rasgo da terra,

Na dedicação aos entes queridos,

Afagam,

As dores, as lágrimas,

Tão suaves como panaceias;

A palavra de revolta e grito

Pela mágoa e injustiça do fado,

Na dedicação aos entes queridos,

Alenta,

Em esperança e coragem,

Tão ondulante como temperada brisa.

 

É esta a Mãe com o dom de

Multiplicar o pão em fatias

Sempre para mais um;

Estender o agasalho em teto

Sempre para outro mais;

Iluminar a noite com a candeia de azeite

Sempre para mais um;

Atiçar as brasas quentes do lume

Sempre para outro mais.

 

É esta a Mãe no estio e no inverno

Da vida de tantos quantos sorriram com os seus encantos.

É esta – e sempre será -, a Fátima!

 

Esta é a homenagem à minha segunda mãe, que tanta felicidade me proporcionou, a todos os titulos.

Minha tia, minha mãe, sempre presente, despeço-me por agora, e até ao dia que há de chegar…

 

Jorge Pópulo

XIX : III : MMXXIV

publicado por ANDARILHUS às 19:50