Galga Courelas em livro! 1ª Parte: Courelas daninhas e de pousio
Remos de vida por mar inóspito
Em deriva segue o batel
De remos caídos
E velas quebrantadas…
Sente saudade do flúmen de pêssego e mel,
Dos alentos de terra e das margens aveludadas.
Embalado em tempos idos,
Mais se desgoverna nas ondas de ouriço,
Acossado por ciclones de vespas feras:
Vem bruta a chuva de cascalho graúdo,
Violenta sobre o casco já açoitado
No ricochete das águas em rebuliço…
Afeito, contorna as traições do seu mundo,
O revés movediço,
Vai fintando o mar furado
Que o seduz até ao fundo
Até ao fim…
Segue em abafado gemido,
De gonzo e pranto,
Gingando, apertado, em esgar fugido
Das voltas tentaculares do fluxo ferrugento.
Na busca da saída ou de um apaziguado recanto,
Acima, avista o céu de cobre em aluimento,
Que se abate como os cravos sobre a cruz…
E ali, no vórtice do horizonte minguante,
Como no covil da lombada de um livro,
Abraçados, nuvens opacas e oceano sem luz,
Esperam-no, nas asas de anjos negros,
Para se fecharem sobre as páginas da vida do errante.
Na crista da duna de espuma malfadada, dá rosto à dor:
Seguir em frente, direito ao ardil
Ou mergulhar logo ali, no silêncio?!
Sei lá!...
Ai, a saudade do lago da (boa) fortuna,
De pêssego e mel!
E estes peixes de chumbo que me rodeiam,
Saltaricos ofensivos,
Abutres de amargura e desdém.
Vou despedir-me de infatigável escuna,
Descoser as tábuas de papel,
E afundar com os carrascos que me golpeiam
Tenazes e lascivos.
Já não vou mais além…
XXI : VII : MMX
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Boas leituras!